TPS 2025 | Recurso contra Item 133

ITEM 133 The author argues that the ethical governance of AI’s application in diplomacy is especially critical because its influence may extend beyond technical efficiency to altering the global distribution of political power.

Gabarito preliminar: CERTO

Subsídio para recurso: o item está ERRADO porque o texto não afirma que a influência da IA na diplomacia pode alterar a distribuição global do poder político.

O primeiro parágrafo afirma que, especialmente através de sistemas desenvolvidos em países com prioridades geopolíticas diferentes, a IA pode manipular sutilmente o comportamento humano, aprofundando a divisão tecnológica entre países avançados e aqueles com recursos limitados e reforçando (não alterando) assimetrias globais de poder.

O segundo parágrafo confirma que o item 133 está errado porque afirma que a incorporação da inteligência artificial à diplomacia deve ser governada por estruturas éticas fortes, especialmente quando a tecnologia tem o potencial de moldar as relações globais de poder por meio de negociações sensíveis. Em nenhum momento o texto sugere que a IA altera a distribuição global de poder político; ao contrário, ele enfatiza que a IA tende a reforçar assimetrias já existentes. A expressão usada no texto — “shape global power relations” — indica influência dentro de uma ordem preexistente, não uma transformação estrutural dessa ordem. Portanto, ao afirmar que a influência da IA pode levar à alteração da distribuição global de poder, o item extrapola indevidamente o que o texto argumenta, o que o torna errado.

Comentário crítico: ao ler as referências deste texto, o candidato pode ser levado a crer que está diante de um excerto do texto de Anusha Guru. No entanto, uma análise cuidadosa revela que o texto referenciado foi profundamente modificado pela banca examinadora (veja esta tabela comparativa). Essa prática não é exceção, mas sim uma constante nas provas de primeira fase de inglês do CACD: sob a aparência de “genuinidade textual”, o que é apresentado ao candidato é, na verdade, uma versão reformulada que expressa — com ênfases, omissões, substituições e reordenações — aquilo que o examinador quer que o candidato leia e interprete. Esse processo de adaptação vai muito além de ajustes de linguagem: ele envolve intervenções que alteram nuances argumentativas, reforçam certas ideias em detrimento de outras e, por vezes, possibilitam inferências não possibilitadas pelo texto referenciado (e vice-versa). Portanto, a dificuldade em avaliar esse tipo de item não está apenas na competência linguística do candidato, mas na instabilidade causada por um texto cuja forma e cujo conteúdo são manipulados.

Esse tipo de adaptação compromete a validação da avaliação. Quando o enunciado do item é construído a partir de uma versão reescrita e reinterpretada de um texto referenciado, o que se está testando não é a capacidade de o candidato compreender um texto genuíno (como ele deverá fazer, quando for diplomata), mas sim a habilidade de interpretar uma construção textual intermediada pela banca — com seus próprios filtros ideológicos, suas escolhas lexicais e suas reformulações argumentativas. É preciso que a banca examinadora repense, urgentemente, essa abordagem aos textos de estímulo na prova de inglês de primeira fase.

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