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Uma boa dica para quem está estudando língua inglesa para o CACD é a coleção Tradução em Contexto, da editora Lexikos. O objetivo da coleção é apresentar ao leitor alguns contos de um mesmo autor, em inglês, acompanhados de sua contrapartida em português.

O texto fonte, em inglês, é apresentado nas páginas pares dos livros, enquanto o texto de chegada, em português, é apresentado nas páginas ímpares dos livros, o que facilita o estudo comparado da obra original e do texto traduzido. Além disso, os livros estão recheados de notas culturais e de notas de tradução, as quais são de grande valia para quem quer entender mais sobre as escolhas que deve fazer um tradutor ao longo do processo tradutório. Por fim, cada conto é seguido de alguns exercícios de compreensão de texto e de uso da língua, todos acompanhados de gabarito.

O primeiro livro lançado foi o dos contos de Mark Twain: os três contos que compõem esse volume são unidos pela temática do dinheiro (e das relações humanas que se estabelecem por causa dele). O segundo livro é o dos contos de M. R. James, que contém seis contos no gênero ghost story.

A série é um ótimo material para quem quer desenvolver a compreensão de texto, a competência lexical e as habilidades de tradução.

Cheers!

“The more that you read,

The more things you will know.”

~Dr. Seuss

 

Em seu livro I Can Read With My Eyes Shut, Dr. Seuss, pseudônimo do escritor norte-americano Theodor Seuss Geisel, mostra para o público infantojuvenil como a leitura pode ser algo divertido e também uma fonte de conhecimentos. A leitura pode ter diversos objetivos, usos e resultados, para além da diversão e do conhecimento, sendo que um deles é aprender a ler fluentemente. Sim, one learns to read by reading! Assim, reformulando a epígrafe de autoria de Dr. Seuss, “the more that you read, the better you will become at it”.

Mas como usar a própria leitura como instrumento para aprender a ler com fluência — no nosso caso, para ler fluentemente na língua inglesa? Quando estudamos uma língua estrangeira, as atividades que realizamos em sala de aula normalmente são de intensive reading: o professor seleciona um texto que deve ser estudado pelos alunos praticamente linha a linha, com consultas frequentes a dicionários, para que as palavras e os sentidos do texto sejam devidamente compreendidos. Atividades de intensive reading são importantes para desenvolver algumas habilidades de leitura, mas o fato é que elas não ajudam a desenvolver a leitura fluente.

O que realmente contribui para o desenvolvimento da leitura fluente é o que chamamos extensive reading. Podemos resumir esse tipo de atividade de leitura em quatro pilares:

  1. É você (não o professor) que escolhe o que vai ler e quanto vai ler (e você pode desistir se, no meio da leitura, perder o interesse);
  2. O propósito da leitura é a compreensão geral do texto (não palavra por palavra) e o prazer de ler;
  3. Os materiais selecionados para a leitura devem estar de acordo com a sua competência linguística;
  4. A leitura é feita individualmente e em silêncio.

Ao ler esses quatro pilares, alguém poderia pensar: “então, extensive reading é simplesmente reading”. Sim! Nas palavras de Day & Bamford, em seu livro Extensive Reading in the Second Language Classroom, extensive reading é “real-world reading but for a pedagogical purpose”. A ideia é tratar o texto não como um objeto de estudos de uma língua estrangeira, mas sim como um objeto de uma experiência literária, um objeto de prazer.

A abordagem pode parecer counterintuitive, mas há décadas de pesquisas e publicações por trás da sua defesa. Uma das teorias que dá suporte à abordagem está relacionada à área da psicologia cognitiva. Segundo essa teoria, a base da leitura fluente é o reconhecimento automático de palavras. As palavras que são reconhecidas automaticamente pelo leitor são chamadas de sight words (e, coletivamente, formam o sight vocabulary). Assim, para ser um leitor fluente, é preciso ter um sight vocabulary bem amplo para que o reconhecimento das palavras seja automático e o leitor não precise pausar em palavras desconhecidas para decodificar seu sentido – o que interrompe a fluência da leitura. E como podemos desenvolver esse tal de sight vocabulary? Através de atividades de extensive reading! Ao lermos um texto qualquer, encontramos uma série de palavras que se repetem ao longo do texto; é o encontro frequente com essas palavras que faz com que elas passem a compor o sight vocabulary do leitor. Assim, a atividade de extensive reading leva à familiaridade com novas palavras e, com isso, à automaticidade e, consequentemente, à leitura fluente. Como explicam Day & Bamford, “the development of a large sight vocabulary can be seen as overlearning words to the point that they are automatically recognized in their printed form. The best and easiest way to accomplish this is to read a great deal”.

Na verdade, atividades de extensive reading não contribuem “apenas” para a leitura fluente: elas consolidam a aprendizagem do idioma estrangeiro e incrementam a proficiência de forma geral. Elas estão associadas a incremento no vocabulário e a melhorias na produção escrita e até na ortografia. Em seu livro The Power of Reading, Stephen Krashen afirma que “reading is the only way, the only way we become good readers, develop a good writing style, an adequate vocabulary, advanced grammar, and the only way we become good spellers.”

Dentre todas as vantagens da realização de atividades de extensive reading, destaco, além do desenvolvimento da fluência na leitura, o ganho de vocabulário. Conforme o leitor progride na leitura do texto selecionado, ele adquire vocabulário incidentalmente. Eu digo “incidentalmente” porque, em atividades de extensive reading, as consultas a dicionários são totalmente desencorajadas – isso quando não proibidas. A aprendizagem de vocabulário novo se dá por inferências de sentido com base no contexto em que o vocabulário é encontrado. Segundo Nagy & Herman, em um capítulo do livro The Nature of Vocabulary Acquisition, de McKeown & Curtis, “incidental learning of words during reading may be the easiest and single most powerful means of promoting large-scale vocabulary growth”.

Para que o leitor possa adquirir vocabulário incidentalmente em atividades de extensive reading, portanto, é essencial que o segundo e o terceiro pilares mencionados, em particular, sejam observados: como o leitor não deve / não pode recorrer a dicionários, é preciso que 1)  ele selecione um material para leitura que não esteja além do seu nível de competência linguística e que 2) ele se satisfaça com menos que a compreensão total do texto (o propósito é compreensão geral, não total). Assim, o material ideal para realizar atividades de extensive reading, caso você ainda não seja proficiente no idioma-alvo, é o que chamamos de language learner literature, ou seja, livros escritos ou adaptados para quem está aprendendo um idioma estrangeiro. Há várias coleções disponíveis no mercado (Macmillan Readers, Oxford Bookworms Library etc.), e há também opções disponíveis gratuitamente na internet, como no site http://english-e-books.net/. Para escolher o material mais adequado para seu nível, faça o seguinte teste: escolha uma página qualquer de um livro que te interessar; se essa página tiver mais de cinco palavras que você desconhece, é preciso escolher um nível inferior a esse (e fazer o mesmo teste). Lembre-se: “building reading fluency is achieved through much practice with easy texts” (Day & Bamford).

Selecionado o material para leitura,  a atividade de extensive reading já pode ser iniciada!  Já que o objetivo é desenvolver a leitura fluente, o leitor deve ignorar as palavras / expressões desconhecidas ou, se possível, inferir seu sentido pelo contexto. Interromper a leitura para consultar um dicionário atrapalha a leitura fluente, que é o objetivo da atividade! Outra opção é ir lendo o texto extensively, sem interromper a leitura fluente, e sublinhando as palavras desconhecidas; depois de concluída a leitura (ou aquela sessão de leitura), o texto pode ser estudado intensively, ou seja, com consultas a dicionários. Mas lembre-se: se o texto contém mais de cinco palavras desconhecidas por página, você provavelmente não está fazendo uma atividade de extensive reading e nem desenvolvendo a leitura fluente. Seu objetivo com a atividade de extensive reading não é “estudar vocabulário”, mas sim aprender a ler fluentemente, com ganhos incidentais de vocabulário. Segundo Day & Bamford, “learning second language vocabulary is important, but it cannot get in the way of learning to read. Students must realize they are practicing reading, not learning vocabulary. When the two are incompatible in reading class, reading must take priority”.

Cheers!

Bibliografia:

Day, R. & Bamford, J. Extensive Reading in the Second Language Classroom. Cambridge University Press, 1998.

Krashen, S. D. The Power of Reading: insights into the research. Libraries Unlimited, 1993.

Nagy, W. E. & Herman, P. A. Breadth and depth of vocabulary knowledge: implications for acquisition and instruction. IN: McKeown, M. G. & Curtis, M. E. (org.) The Nature of Vocabulary Acquisition. Lawrence Erlbaum, 1987.

 

Observar com cuidado as palavras que são escolhidas pelo autor de um texto pode nos dar indicações do que o autor quer dizer – e consequentemente do que ele não quer dizer. Para isso, é preciso que o leitor perceba não só as ideias do texto, mas com que palavras e expressões o texto é escrito. Isso é essencial porque quando o leitor observa esse tipo de detalhe, ele consegue fazer inferências válidas.

Mas o que significa fazer inferências? Inferências são conclusões às quais chegamos com base no raciocínio, em fatos ou evidências. Boas inferências dependem de uma boa observação das palavras escolhidas pelo autor e podem ajudar a determinar o que o autor quer dizer, ainda que isso não esteja expresso no texto de forma clara. No post passado, quando falamos sobre a importância de identificar o ponto de vista adotado pelo autor, acabamos fazendo inferências: presumir como o autor gostaria de ser percebido – ou que tipo de relação ele pretende estabelecer entre o leitor e suas ideias – com base no ponto de vista adotado é fazer uma inferência válida.

Proponho o seguinte exercício, do livro “Reading Comprehension Success”, para que entendamos melhor a importância da escolha das palavras por parte do autor e como podemos fazer inferências a partir dessa escolha:

Test your observation skills on these two sentences:

A. The town’s new parking policy, which goes into effect on Monday, should significantly reduce traffic congestion on Main Street.

B. The town’s draconian new parking policy, which goes into effect on Monday, should significantly reduce traffic congestion on Main Street.

É óbvio que a única diferença entre as duas frases é a palavra “draconian” (=”extremely severe”). Mas o que o uso dessa palavra tão específica nos revela?

What does sentence B tell you that sentence A doesn’t?

a. what type of policy is being discussed

b. how the writer feels about the policy

c. when the policy begins

A resposta correta é a alternativa B. Ao escolher usar a palavra “draconian”, o autor sugere que é assim que ele se sente em relação a essa nova medida. Sua opinião, dessa forma, pode ser inferida por sua escolha de palavras (sua diction).

Agora imaginemos, como ainda propõe o mesmo livro, que a frase A tivesse um outro adjetivo:

The town’s firm new parking policy, which goes into effect on Monday, should significantly reduce traffic congestion on Main Street.

Agora as frases querem dizer a mesma coisa? Sim e não. Ambos “firm” e “draconian” querem dizer que a medida é severa, mas “draconian” sugere que ela é mais severa, e além disso injusta. Isso quer dizer que mesmo que duas palavras sejam sinônimas, elas podem ter níveis diferentes de significado, e isso se chama em inglês connotation. Se denotation é o significado da palavra como dado pelo dicionário, connotation é o significado implícito, um significado que tem um registro social ou emocional, ou ainda que sugere alguma noção de gradação. Assim, a escolha da palavra não revela apenas o que ela significa, mas possibilita fazer inferências sobre as intenções e os sentimentos do autor.

Cheers!

Até agora, nos posts sobre Reading Comprehension, lidamos com situações quase que ideiais nas quais as ideias e as intenções dos autores estavam claramente expressas no texto. Sabemos, entretanto, que nem sempre isso acontece – especialmente em se tratando de um exame com o nível de exigência do CACD. E então, o que podemos fazer para compreender o que o autor está dizendo em um texto?

Não importa quão críptico um texto possa parecer, o autor sempre deixa pistas para que o leitor consiga compreender o que ele quer dizer. Essas pistas podem ser linguísticas ou estilísticas, ou seja, elas podem estar nas palavras usadas pelo autor, ou no tipo de linguagem que o autor adota. Seguindo a sugestão do já mencionado livro “Reading Comprehension Success”,  há alguns elementos nesse sentido que merecem nossa atenção, exatamente por serem elementos que criam significado para o leitor: ponto de vista, escolha de palavras e tom. Neste post falaremos sobre ponto de vista.

Em primeiríssimo lugar é importante diferenciar o ponto de vista do autor de sua opinião. Já vimos que opinião é aquilo em que o autor acredita; por sua vez, o ponto de vista é uma estratégia que o autor adota para se comunicar com seus leitores. Por exemplo, ele pode adotar um ponto de vista subjetivo ou objetivo, ou ele pode se referir ao leitor diretamente como “você” ou anonimamente como “eles”. Ponto de vista, assim, está diretamente relacionado à ideia de perspectiva. Uma mesma situação pode ser descrita de várias formas, dependendo da perspectiva através da qual você a observa. É essencial identificar através de qual ponto de vista um autor aborda um tema e se o autor menciona em seu texto outras perspectivas, que não a dele mesmo.

Podemos identificar três diferentes abordagens ao falar de ponto de vista: um ponto de vista em primeira pessoa, que é individualizado e pessoal, e através do qual o autor fala de suas próprias experiências e sentimentos sobre algo usando os pronomes I, me, we, us etc.; um ponto de vista de segunda pessoa, também pessoal, por se dirigir diretamente ao leitor usando o pronome you; e o ponto de vista em terceira pessoa, que é impessoal e objetivo, apresentando a perspectiva de alguém que está de fora, ou seja, que não está envolvido na ação – os pronomes usados são he, she, they, it etc. É claro que a adoção de um ou outro ponto de vista depende se ele é apropriado para o tipo de texto que se escreve, mas ela também depende do efeito que se deseja causar no leitor.

A adoção de um ponto de vista em primeira pessoa, por exemplo, pode fazer com que o leitor perceba o autor como mais sincero –  e as ideias do texto como mais confiáveis – por criar uma certa intimidade entre leitor e autor. Já o ponto de vista em terceira pessoa pode ser adotado para passar uma ideia de maior objetividade – como se o autor não estivesse colocando ali nada de subjetivo seu. É claro que nesse tipo de perspectiva o autor ainda assim expressa opiniões, mas elas parecem mais objetivas. Por fim, a adoção de um ponto de vista em segunda pessoa é muito usada para destacar o leitor como um indivíduo – e não tratá-lo como uma categoria. Assim, o leitor pode vir a se sentir como parte das ideias expressadas no texto, pois essa perspectiva coloca o leitor diretamente na situação do texto.

Podemos perceber que, de fato, cada ponto de vista cria um certo efeito. Dependendo das intenções do autor, pode ser mais interessante aproximar o leitor do autor, ou ser mais objetivo, ou ainda envolver o leitor na sua argumentação. Entender qual é ponto de vista adotado pelo autor é entender que tipo de relação ele quer criar entre suas ideias e seus leitores.

Cheers!

Agora que já falamos sobre como entender o essencial em um texto, podemos dar atenção a algumas estratégias de leitura mais específicas. Nesse post falarei sobre compreender a estrutura do texto.

Comparemos, como faz o autor do livro “Reading Comprehension Success”, um autor a um arquiteto. Toda construção tem uma série de cômodos, mas a forma como esses cômodos são dispostos depende do arquiteto. Isso também vale para um texto: a forma como as ideias e as frases estão organizadas depende da intenção do autor. Há quatro padrões principais de organização de um texto: cronológico, por ordem de importância, por comparação e contraste, e por causa e efeito. É importante que, como leitores, consigamos reconhecer esses padrões, pois a escolha que o autor faz por um ou outro padrão organizacional também pode nos ajudar a inferir informações e intenções do autor.

Muitos textos são organizados de forma cronológica, ou seja, começando pelo primeiro evento e terminando com o último evento. É possível perceber essa organização em um texto tanto pela sequência dos eventos quanto pelas transitional words and phrases que são usadas entre um evento e outro (first, second, then, afterward etc.) e os conecta de forma cronológica.

Uma outra forma de organizar o texto é por ordem de importância. As ideias são aqui organizadas de forma hierarquizada, indo da menos importante para a mais importante, ou vice-versa. Ambas as estruturas são muito comuns, porém alguns autores preferem terminar o texto com a ideia mais importante para criar um “snowball effect”, isto é, criar uma força argumentativa crescente em seu texto. Assim como uma bola de neve, a ideia do autor vai ficando cada vez maior – e mais importante – e isso gera no leitor uma expectativa pela ideia final. Nesse caso, transitional words and phrases também são usadas (first and foremost, also, furthermore, in addition, most importantly etc.).

Também é possível organizar a estrutura de um texto por meio de comparação e contraste. A comparação e o contraste são geralmente usados para destacar as semelhanças e as diferenças entre ideias. Há diversas transitional words and phrases que nos ajudam a identificar as semelhanças: similarly, likewise, like, just as, in the same way etc; há outras que nos permitem identificar o contraste, a diferença: but, on the other hand, however, conversely, yet, on the contrary, nevertheless etc. A comparação e o contraste podem ser feitos pelo point-by-point method (cada aspecto de uma ideia A é comparado ou contrastado com um aspecto da ideia B)  ou pelo block method (o autor lida primeiro com todos os aspectos de uma ideia e depois com todos os da segunda ideia). É importante notar que duas ou mais ideias são comparadas ou contrastadas em um texto por algum motivo, o qual geralmente é a ideia central do texto.

Finalmente, alguns textos são organizados pelo estabelecimento de relações de causa e efeito. Entender no texto o que é causa e o que é efeito é essencial para uma boa compreensão de leitura. Causa é alguém ou algo que faz algo acontecer ou produz um efeito; efeito é uma mudança produzida por uma ação ou causa. Também nesse caso há transitional words and phrases que nos ajudam a identificar tanto a causa (because, since, due to etc.) quanto o efeito (so, hence, therefore, consequently, as a result etc.). Vale lembrar que uma causa pode ter vários efeitos, assim como um efeito pode ter várias causas em um texto. E também não podemos nos esquecer de que causas e efeitos podem ser apenas a opinião do autor – não são necessariamente fatos.

Cheers!

Continuando o post sobre como entender o essencial de uma passagem escrita e assim melhorar sua compreensão de leitura, neste post falarei sobre duas outras estratégias que podem ser usadas para compreender o essencial de um texto.

Em situações em que estamos lendo algum material e não podemos consultar um dicionário, é importante usar o contexto para procurar determinar o significado das palavras e expressões desconhecidas. A habilidade de determinar o significado de palavras desconhecidas a partir do contexto é essencial para a compreensão de leitura – entretanto, como qualquer habilidade, ela precisa ser desenvolvida.

A primeira dica nesse sentido é não ler o texto inicialmente já com foco nas palavras desconhecidas. Coloque foco naquilo que você conhece, pois só assim você entenderá o contexto que, por sua vez, te ajudará a entender as palavras desconhecidas. Em segundo lugar, procure entender qual é a categoria sintática daquelas palavras que você desconhece: trata-se de um adjetivo, um verbo, um substantivo? A que outras palavras ela está sintaticamente relacionada? Esse tipo de questionamento certamente ajuda a eliminar algumas hipóteses de significado. Em terceiro lugar, verifique se a palavra possui algum prefixo ou sufixo que possa dar alguma indicação do que ela significa. Finalmente – e talvez a dica mais importante – só foque em palavras desconhecidas se elas forem realmente relevantes para o teste, ou seja, se houver alguma pergunta de compreensão de leitura que passa pela compreensão dessas palavras, ou se houver alguma pergunta de vocabulário que esteja associada a elas.

A quarta e última estratégia é diferenciar fatos de opiniões no texto. Muitos textos, inclusive no exame, trazem uma mistura de fatos com opiniões do autor. Para que possamos ler o texto de forma crítica – e essa é uma habilidade testada pelo exame – é preciso perceber a diferença entre o que está no texto como opinião e como fato.

A grande diferença entre opinião e fato, em um texto, está naquilo que o autor diz que acredita e aquilo que o autor diz que sabe, respectivamente. As opiniões podem estar baseadas em fatos, mas elas ainda assim são coisas nas quais o autor acredita, não que ele sabe. As opiniões são discutíveis, os fatos, não. Em um texto, geralmente, a ideia principal é a opinião de um autor, a qual é fundamentada em uma base de fatos que ele elenca. Uma boa forma de se certificar se algo que está no texto é opinião ou fato é perguntar-se: essa frase é discutível? Isso é conhecidamente verdade? Se a resposta para a primeira pergunta é sim, trata-se de uma opinião; se a resposta para a segunda é sim, trata-se de um fato – tudo isso, é claro, na forma como o autor apresenta as informações.

A habilidade de distinguir fato de opinião é essencial, pois ela permite perceber quais são as evidências nas quais um autor fundamenta suas opiniões – o que, por sua vez, permite que um leitor crítico julgue por si mesmo a validade dessas opiniões.

Para melhorar suas habilidades de identificar as informações essenciais no texto, identificar a ideia principal do texto, determinar o significado de palavras desconhecidas pelo contexto e diferenciar fatos de opiniões, faça os exercícios propostos no livro “Reading Comprehension Success” (páginas 19 – 50).

Cheers!

No livro “Reading Comprehension Success”, o autor compara leitores críticos a investigadores de cenas de crime. Em sua busca pela verdade, os investigadores não deixam que opiniões os influenciem; eles querem saber o que realmente aconteceu. Eles coletam evidências e fatos e usam essas informações para chegar a conclusões. Separar fatos de opiniões é essencial durante a investigação da cena de um crime e também é uma habilidade essencial para uma boa compreensão escrita.

Quando lemos, devemos procurar pistas que nos permitam compreender o que o autor quer dizer. Devemos nos perguntar: Sobre o que é essa passagem? O que o autor está dizendo? As vezes, pode paracer que o autor está tentando esconder o que ele quer dizer, porém por mais complexo que um texto seja, o autor sempre deixa pistas que um leitor cuidadoso consegue encontrar. Assim, precisamos ser bons “detetives” ao ler os textos que nos são apresentados, e para isso devemos ler cuidadosamente e ativamente.

Em primeiro lugar, é preciso entender as informações básicas do texto. As perguntas básicas são: Quem? Quando? Onde? O quê? Como? Por quê? Lembre-se: uma boa leitura é uma leitura ativa. A leitura ativa acaba forçando o leitor a realmente ver o que ele está lendo, a olhar mais de perto aquilo que está no texto. Marque o texto enquanto você o lê: sublinhe as respostas a essas perguntas iniciais e escreva anotações pessoais nas margens que ajudem a responder ao menos essas perguntas mais básicas.

Após ter coletado as informações básicas, o segundo passo é entender qual é a ideia principal do texto. Se pensarmos na comparação da atividade de leitura com o trabalho de detetive, assim como há um motivo para todo crime, há um “motivo” por trás de todo texto. Todo texto é uma forma de comunicação: trata-se do autor tentando comunicar seus pensamentos para você, o leitor. Assim, é importante que nos perguntemos: Por que o autor escreveu esse texto? Qual é a ideia que ele está tentando passar?

Existe uma diferença, entretanto, entre o assunto do qual o texto trata e a ideia principal do texto. Se nos perguntamos “sobre o que é esse texto?” chegamos, obviamente, ao assunto do texto. Porém, a ideia principal é algo que é dito sobre o assunto do texto. Trata-se de uma afirmação ou uma alegação sobre esse assunto. Além disso, a ideia principal do texto é a que vai dar coerência ao texto como um todo: todas as ideias do texto vão se relacionar a essa ideia principal, procurando servir como evidências de que essa afirmação sobre o assunto está correta. Assim, ao procurar a ideia principal do texto, pergunte-se: O que o autor está dizendo sobre o assunto do texto? Com base nas evidências que o autor apresenta, qual é a ideia principal defendida pelo autor?

Muitas vezes, a ideia principal se encontra no que chamamos de “topic sentence”, ou seja, numa frase que expressa claramente a ideia central do parágrafo ou da passagem. Essa frase normalmente vem no início do parágrafo – e nesse caso o restante do parágrafo serve como evidência que busca comprovar o alegado na “topic sentence”. No entanto, é importante lembrar que às vezes ela está no meio ou mesmo no fim do parágrafo – e que em alguns textos essa frase não está apresentada de forma tão clara.

No próximo post falarei sobre os dois próximos passos para entender o essencial do texto: entender o vocabulário pelo contexto e observar a diferença entre fato e opinião.

Cheers!