“So difficult it is to show the various meanings and imperfections of words when we have nothing else but words to do it with.”

~John Locke

 

Por muito tempo, as palavras foram pensadas como a principal unidade gramatical e lexical. Gramaticalmente, conhecemos as palavras como verbos, substantivos, adjetivos, advérbios… Em termos de léxico, os dicionários são normalmente organizados em verbetes, em ordem alfabética, os quais correspondem a palavras.  Nessa forma de ver a linguagem, um texto seria uma sequência de palavras sintaticamente organizadas. Para produzir um texto, portanto, bastaria escolher quaisquer palavras ‘que fazem sentido’ e organizá-las de acordo com as regras gramaticais.

A essa visão da linguagem subjaz a presunção de que a gramática é regular e de que o léxico é irregular, ou seja, de que há padrões gramaticais a ser observados na construção de um texto (concordância, transitividade etc.), mas de que não haveria algo como “padrões lexicais”. No entanto, o desenvolvimento da linguística de corpus, nas últimas décadas, nos abre os olhos para o exato oposto dessa presunção: o léxico não é “irregular”; as palavras em um texto não estão organizadas apenas por relações sintáticas, mas também por relações lexicais; os padrões sintáticos e os padrões lexicais não podem ser separados.

Isso pode parecer uma conversa “muito técnica” para quem está “só” estudando inglês para passar no CACD (muitas aspas por aqui rs), mas assim como a dicotomia entre gramática e léxico tem sido questionada, a dicotomia entre teoria e prática também precisa ser repensada. Afinal, quem está “só” estudando inglês para passar no CACD será avaliado por uma banca que conhece a teoria e que espera que a prática dos candidatos esteja alinhada a ela (como veremos em comentários da própria banca abaixo).

Por isso, para quem está “só” estudando inglês para passar no CACD, é absolutamente fundamental, em seus estudos de vocabulário e de produção de texto em língua inglesa, pensar a questão do sentido para além das palavras isoladas. Neste artigo, discutirei como a escolha de palavras para um texto é limitada tanto por restrições gramaticais quanto por restrições lexicais. Abordarei os conceitos de collocation e colligation, e a relevância dessa discussão “muito técnica” para seus estudos de língua inglesa para o CACD.

Collocation

Se abrirmos um thesaurus (um dicionário de sinônimos) no verbete strong, encontraremos entre seus sinônimos a palavra powerful. Isso significa que seus sentidos são semelhantes. No entanto, é natural dizer, em inglês, I prefer strong tea, mas não I prefer powerful tea. Isso porque, ao escolhermos usar a palavra tea, existe, concomitantemente, uma co-seleção de adjetivos que são, de fato, usados com essa palavra. Essa co-ocorrência frequente de palavras é o que chamamos de collocation. Assim, nas palavras de Mona Baker, “meaning cannot always account for collocational patterning”: muito embora a palavra powerful isoladamente faça “sentido”, ela simplesmente não é usada em combinação com tea.

Isso acontece porque as palavras tendem a ocorrer juntas e a formar sentidos em sua combinação. É a combinação que faz sentido, não a palavra individualmente. Como explica John Sinclair, “the flow in meaning is not from the item [word] to the text but form the text to the item [word]”. Dou um exemplo paradigmático: na collocation “white wine”, white não quer dizer “something that is the same color of milk or snow”. White wine is not “white”! Mas o adjetivo white ganha sentido porque a combinação lhe confere sentido. Existe, portanto, uma interdependência entre a palavra e as outras palavras que a cercam. Quando essa dependência é lexical, ela e chamada de collocation.

Esse fenômeno da collocation não é restrito a uns poucos casos: a maior parte dos sentidos necessita da presença de mais palavras para sua realização. É por isso que John Sinclair afirma que “the word is not the best starting-point for a description of meaning, because meaning arises from words in particular combination”. Não estou aqui discutindo phrasal verbs, idiomatic expressions, set phrases ou provérbios; nesses casos, é bem óbvio que não há independência entre as palavras: ao escolher uma das palavras que formam essas multi-word expressions, já automaticamente co-selecionamos todas as outras. A discussão aqui é sobre a escolha de palavras em geral. Um texto não deve ser pensando como uma série de escolhas de palavras independentes: há padrões de combinações que são responsáveis pelo sentido, pela naturalidade, pela espontaneidade do texto. Nas pesquisas mencionadas por John Sinclair, cerca de 80% da ocorrência de palavras se dá não por escolhas independentes, mas sim por co-seleção. Em suas palavras, “a large proportion of the word occurrence is the result of co-selection—that is to say, more than one word is selected in a single choice”.

Dessa forma, ainda segundo Sinclair, “complete freedom of choice, then, of a single word is rare”. Ao escolhermos uma palavra para usar em um texto, automaticamente já devemos co-selecionar outras, não só com base em seus sentidos, mas sim em com qual frequência elas de fato ocorrem com a palavras que já selecionamos. Afinal, de acordo com Sinclair, “language is characterized by having hundreds of thousands of meanings that are not in fact available”.

O que vimos até agora, ao discutirmos collocation, é que 1) não existe liberdade completa na escolha de palavras, já que são as combinações que conferem sentido às palavras e que 2) por isso mesmo, a palavra como menor unidade lexical é algo muito problemático em termos de sentido. O léxico é, ao contrário do que muitos pensam, altamente “regular”: há tendências fraseológicas, padrões lexicais, que precisam ser observados para que de fato se produza sentido em um texto. Assim, a escolha de palavras é limitada por restrições lexicais.

Colligation

A escolha de palavras, além disso, também é limitada por restrições gramaticais. A escolha de uma só palavra pode determinar um padrão sintático. Por exemplo, se quero usar a palavra able, em uma construção como “capaz de fazer algo”, automaticamente já seleciono o complemento desse adjetivo: able to do something, não “able of doing something”. Já quando seleciono o substantivo possibility, em uma construção como “possibilidade de fazer algo”, automaticamente já seleciono o complemento: possibility of doing something, não “possibility to do something”. Não há uma “regra gramatical” aqui; o que se observa é o fenômeno da colligation, que é a co-ocorrência de palavras com escolhas gramaticais. Ao usar a palavra able naquela construção, é preciso co-selecionar o verbo no infinitivo; ao usar a palavra possibility naquela construção, é preciso co-selecionar o sintagma preposicional. A co-seleção, aqui, afeta a gramaticalidade do texto.

Mais uma vez, vemos como a escolha de palavras não é livre: ao selecionar uma palavra, já selecionamos, inclusive, padrões sintáticos. A gramática, portanto, não é autônoma ou completamente separada do léxico.

Relevância para o CACD

Não há dúvidas de que a banca conhece e reconhece tais padrões lexicais e sintáticos. Copio, aqui, alguns comentários escritos pelo examinador em respostas a recursos interpostos no CACD 2017:

“A colocação correta para o contexto é ‘on’, como no exemplo ‘She’s by far the biggest influence on my writing’.”

“’Surprising for’ mal aparece em corpora em geral e quando o faz, raramente se trata de fonte confiável, que siga os preceitos da norma culta”

“A expressão ‘to create something in aspects’ carece de idiomaticidade, pois as regras de colocação foram violadas aqui.”

“Há, aqui, um erro de colocação. A escolha lexical ‘afffordable dream’ não é uma combinação viável, pois carece de idiomaticidade.”

“Há, aqui, um erro de colocação. A escolha lexical ‘handle negotiations’ não é uma combinação viável, pois carece de idiomaticidade. Verbos que se colocam com ‘negotiations’ são, entre outros, ‘enter into, open, conduct.”

“A combinação lexical ‘unavoidable countries’ carece de idiomaticidade. Ferem-se, aqui, as leis de colocação.”

 

Cito aqui também alguns exemplos de textos de candidatos em que a parte grifada foi considerada errada por causa de colligation:

He also argued that the homogeneous aspects of capital flows are still to capable to impose their global power.

Although one cannot agree with Carl Gustav Jung about the difficulty to disturb the security (…)

Fica mais do que patente, considerando todos os exemplos acima, que collocations e colligation não são preocupações “muito técnicas” para quem “só” estuda inglês para passar no CACD: a banca reconhece, em suas correções e respostas a recursos, que a escolha de palavras não é livre e que há padrões lexicais e sintáticos que devem ser observados. E isso é algo que deve interferir na forma como você estuda vocabulário e produção de texto para o concurso! No próximo post, discutirei algumas estratégias de estudo para candidatos que sabem que é preciso pensar além das palavras isoladas para produzir textos com “correção gramatical e propriedade da linguagem”, um critério de correção que existe para todas as quatro tarefas da prova discursiva de inglês no CACD.

Cheers!

 

Bilbliografia

Mona Baker. In Other Words: a coursebook on translation. Routledge, 2011.

John Sinclair. Trust the Text: language, corpus and discourse. Routledge, 2004.

No mês de maio, o CACD Inglês Book Club fará uma leitura especial em homenagem ao historiador Boris Fausto! Leremos o primeiro capítulo de A concise history of Brazil, a versão de Arthur Brakel para a língua inglesa do original História Concisa do Brasil!

Boris Fausto (1930-2023) foi um dos maiores historiadores brasileiros e é considerado leitura fundamental para quem deseja pensar o Brasil do século 20 — e para quem é aspirante à carreira de diplomata!

Em nossa discussão do Book Club, leremos o capítulo Colonial Brazil (1500-1822) e refletiremos sobre o fazer historiográfico e sobre a terminologia de Brasil colonial (português-inglês), com base na discussão proposta um artigo que publiquei na Revista TradTerm em 2022.

Além disso, faremos um exercício de busca terminológica para que os candidatos possam conhecer equivalentes de vocábulos específicos de nossa história colonial em inglês!

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Para comemorar o quarto aniversário do nosso CACD Inglês Book Club, leremos um grande clássico distópico: 1984, de George Orwell!

Winston Smith vive na cidade de Londres, Oceania. É membro do Partido que governa Oceania e que controla tudo. O Big Brother, líder onisciente do Partido, parece tudo observar através de seus mecanismos de vigilância. O Partido está inclusive tentando implementar uma língua inventada para evitar rebeliões e até mesmo o pensamento crítico. Winston trabalha no Ministério da Verdade, alterando registros históricos de acordo com as necessidades do Partido. Mas Winston se sente oprimido… Será que o Partido é capaz de controlar até mesmo o amor?

Publicado em 1949, o romance trata de temas tão atuais como os perigos do totalitarismo, o controle da informação e da história, a linguagem como forma de controle do pensamento e a manipulação psicológica!

Leitores em nível avançado podem ler a obra original (disponível em diversas edições). Leitores em nível alto-intermediário (CACD Step by Step, Step 4) podem ler a versão do Macmillan Readers. Leitores em nível intermediário (CACD Step by Step, Step 3) podem ler a versão do Eli Readers.

Comentaremos a leitura em nosso grupo no Telegram ao longo dos meses de fevereiro e março, quando nos reuniremos, via Zoom, para discutir a obra e fazer uma atividade de tradução comparada (data a definir)!

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Cheers!

Selene

Nossa última leitura de 2022 será um clássico da ficção estadunidense: The Great Gatsby, de F. Scott Fitzgerald!

Publicado em 1925 e ambientado na Long Island da década de 1920, o romance é um comentário social da Era do Jazz. Triunfo e tragédia caracterizam a história de Jay Gatsby, o emergente empreendedor obcecado por Daisy Buchannan, representante da elite americana e casada com o bruto aristocrata Tom Buchannan.

Os leitores em nível avançado podem fazer a leitura do texto original (há diversas edições disponíveis, inclusive para Kindle). Para leitores em nível intermediário (CACD Step by Step, Step 3), há uma edição simplificada da Macmillan Readers. Para leitores em nível pré-intermediário (CACD Step by Step, Step 2), existe uma edição facilitada da Penguin Readers.

Nosso encontro será apenas no fim de janeiro (via Zoom, como sempre), então teremos cerca de dois meses para nos dedicarmos a essa leitura!

As atividades do CACD Inglês Book Club são gratuitas e exclusivas para alunas e alunos do CACD Inglês e do Curso Ideg.

Quer fazer essa leitura conosco? Preencha este link para participar de nosso grupo no Telegram e saber mais!

Boa leitura e Boas Festas!

Nossa atividade do clube de leitores em novembro será um pouco diferente do usual: leremos o primeiro capítulo de Raízes do Brasil, de Sergio Buarque de Holanda, tanto na versão original quanto na versão em língua inglesa!

Não há dúvidas de que Raízes do Brasil é, como disse Antônio Cândido, “um clássico de nascença”. É uma das obras fundadoras da historiografia e das ciências sociais brasileiras e, com seus mais de 80 anos, continua a inspirar o pensamento crítico sobre nossa sociedade. 

Nos últimos anos, a reflexão sobre Raízes do Brasil foi exigida pela banca do CACD diversas vezes. Nos anos de 2007, 2009 e 2010, por exemplo, os candidatos se depararam com trechos da obra na prova de língua portuguesa; em 2017, Raízes do Brasil caiu na prova de francês; e em 2015 e 2018, foi na prova de inglês que a obra se fez presente, na tarefa da tradução na direção português – inglês.

Nossos objetivos com essa leitura de novembro são diversos: refletir sobre a relevância da obra, avaliar sua tradução para a língua inglesa, pensar na terminologia relacionada à história do Brasil e conversar sobre desafios e estratégias para a tarefa da versão na prova discursiva de inglês!

Nosso encontro está marcado para 25 de novembro, às 20h, via Zoom! É aluno do CACD Inglês e/ou do Curso Ideg e quer participar? Basta preencher este formulário!

É com muita alegria que anunciamos que nossa leitura do mês de julho em nosso clube de leitores será em língua espanhola!

Sob a curadoria de Cris Huffel, professora de espanhol do Curso Ideg, este mês leremos La gallina degollada, um conto de Horacio Quiroga! Nosso encontro para a discussão da obra será em 4 de agosto, quinta-feira, a partir das 20h, via Zoom!

É aluno do CACD Inglês e/ou do Curso Ideg e quer participar dessa leitura? Basta inscrever-se aqui!

Hello, ceacedista!

Este ano, convidei alguns candidatos aprovados (alunos e não-alunos) para responder a perguntas sobre sua preparação para as provas de inglês do CACD e sua visão sobre a prova. Bruno Abaurre foi o primeiro candidato a gentilmente responder às perguntas que lhe enviei, e aqui compartilho suas respostas!

Como foram seus estudos de língua inglesa antes de iniciar seus estudos para o CACD?

Fiz curso de idiomas como atividade extracurricular desde muito jovem. Durante o Ensino Médio, fiz um programa “duplo”, em que tinha aulas em inglês do currículo americano. Mais tarde, fiz um mestrado em direito (LLM), de 1 ano de duração. Então, considerava ter nível avançado de inglês.

Como você se preparou para a prova objetiva de língua inglesa?

Simulados e um curso intensivo (8 aulas) no mês anterior ao TPS.

O que achou da prova objetiva de inglês este ano?

No geral, considerei que o TPS tinha um nível semelhante ao de anos anteriores, à exceção do texto de Shakespeare, cuja linguagem me pareceu uma novidade em comparação com o que vinha sendo cobrado até então. O pior problema me pareceu a resposta aos recursos; considero essa etapa (recursos) muito problemática em todas as fases do CACD, e no TPS de inglês não foi diferente. É uma fase menos transparente e as respostas aos recursos não ajudam (eg, justificam por que mudam / anulam, mas não justificam por que mantêm certas questões inalteradas que foram questionadas) e há problemas de inconsistência (eg, questões mantidas que deveriam ter sido anuladas/alteradas e não são). O edital não detalha o que é importante / requisito nos recursos, que viraram realmente uma nova fase.

Na preparação para a prova discursiva, você acha importante fazer exercícios com correção individualizada?

Sim, extremamente importante. Foi o que mais busquei e o que mais tive dificuldade de encontrar.

Qual foi sua estratégia para os estudos de vocabulário? E de collocations, em particular?

Não tive uma estratégia específica para estudo de vocabulário, porque considerava que, com base nos simulados e nas provas anteriores, essa não era uma área de fraqueza relevante. Me concentrei mais no estudo de coligações, que me preocupavam mais. Fiz o curso de Colligations and Collocations e foquei bastante nesse aspecto nas correções individuais.

Como você desenvolveu sua competência tradutória para nossa prova?

Fiz exercícios com correção individualizada e explorei muito os exercício dos Manual da Funag da Sarah Walker. Mas me concentrei na versão, que considero mais difícil. No entanto, a minha pior nota da prova de inglês foi a tradução, o que considero um resultado de certa negligência com esse exercício (deveria ter feito mais exercícios) e também da correção / recursos, que me pareceu muito problemática (ie, marcação de erros gramaticais que não são erros e recusa a conceder a nota mesmo que certo uso de vírgulas fosse idêntico ao do modelo).

Em que ordem você realizou as tarefas de segunda fase este ano? Quanto tempo levou em cada tarefa? Conseguiu fazer rascunho de alguma tarefa?

Refleti muito sobre a ordem dos exercícios, e cheguei em uma conclusão que foi muito boa para mim: 1) tradução (porque é exercício de português, então diferente dos outros, e te expõe ao inglês “passivamente”, ajudando o cérebro a entrar no “ritmo”); 2) resumo (porque te expõe ao inglês “passivamente”, ajudando o cérebro a entrar no “ritmo”); 3) composition (porque é a tarefa mais importante e não queria que fosse a última); e 4) versão (porque é a mais desafiadora linguisticamente, então achava bom ter tido umas horas de trabalho em inglês antes, e porque tem as menores notas historicamente). Não sei exatamente o tempo que demorei em cada exercício, mas em inglês esse aspecto não foi um grande problema: terminei com uns 30 minutos de antecedência. O resumo é o exercício que mais me tomou tempo.

O que achou dos novos critérios de correção da prova discursiva?

Imagino que a questão se refira ao fato de o “conteúdo” (CSC, FID etc.) impactar a nota de CGPL. Se esse é o caso, apesar de a correção em tese ficar mais rígida, me parece um bom caminho. Até então, acredito que o “conteúdo” tinha um peso muito pequeno diante da CGPL, e acho que esse modelo contempla melhor a importância desse aspecto. Além disso, este ano a correção parece ter sido muito mais leniente que a do ano de 2020-21, o que é bom; considero problemática a rigidez adotada no ano anterior.

Como você avalia a atuação da banca na correção da sua prova discursiva?

No geral, avalio bem, especialmente quando comparada à atuação no ano passado (2020-21). Uma exceção foi o exercício de tradução, cuja correção considero ruim (ie, marcação de erros gramaticais que não são erros e recusa a conceder a nota mesmo que certo uso de vírgulas fosse idêntico ao do modelo).

Você chegou a interpor recursos contra as correções de inglês? Se sim, quantos pontos conseguiu após os recursos? Acha que as respostas aos recursos foram satisfatórias?

Sim, fiz diversos recursos. Ganhei 1,69 ponto (nota final: 87,81). Considero que as respostas foram satisfatórias, à exceção do exercício de tradução.

Por quanto tempo você se preparou para o CACD? Durante esse período, fez dedicação exclusiva aos estudos para o CACD?

Me preparei por 1 ano e 2 meses, com dedicação exclusiva e de maneira muito intensa.

Quais foram os maiores desafios que você, pessoalmente, enfrentou ao longo da preparação?

A intensidade da preparação, que resultou em certo sacrifício no campo da vida pessoal. Ainda, a incerteza quanto à prova (nunca tinha feito as discursivas), quanto tempo demoraria para passar (se é que passaria) etc., tudo isso adiciona um peso significativo na rotina de estudos.

Você acha que a prova de língua inglesa está entre as provas mais decisivas na fase discursiva? Quais provas considerou decisivas este ano?

Sim, considero a prova de inglês bastante decisiva, porque as notas oscilam muito. Neste ano, isso aconteceu também com Economia, me parece. Por isso, considero que foram as provas mais decisivas deste ano.

Por fim, você tem alguma dica de ouro para dar aos candidatos que seguem na preparação?

Não sei se considero “dicas de ouro”, mas considero boas recomendações: 1) quanto a línguas estrangeiras, constância (ainda que em sessões de estudo curtas) em vez de sessões de estudo muito longas/intensas e espaçadas); e 2) mais vale conhecer bem o seu material (cadernos, apostilas etc.), ainda que não seja totalmente completo, do que tentar abraçar o mundo (eg, aprofundamento de maneira mais acadêmica e “sofisticada”), sem fixar o conteúdo mais “básico” (essa talvez seja mais polêmica, mas para mim funcionou).

Com o CACD 2022 chegando ao fim, já podemos retomar nossas atividades do CACD Inglês Book Club!

Em uma votação dos membros do clube de leitores, decidimos voltar às leituras de textos clássicos em língua inglesa. Assim, no mês de junho, voltamos a nossas atividades de leitura extensiva com um clássico fantasmagórico (mas também muito humoroso): leremos The Canterville Ghost (1887), de Oscar Wilde!

Quando a família Otis se muda dos Estados Unidos para Canterville, na Inglaterra, logo ouve falar que sua nova casa é assombrada. Inicialmente descrente de fantasmas, a família aos poucos toma contato com os mistérios de Canterville Chase. Em um conto no qual os estereótipos da decadência aristocrática inglesa e da vulgaridade americana são levados aos extremos, Oscar Wilde nos leva a refletir sobre temas como perdão e vingança, aparências e realidade, empatia e amor.

Participantes que já têm conhecimentos avançados do idioma podem fazer a leitura do texto original (veja aqui). Existe uma versão facilitada do texto da Penguin Readers para leitores em nível alto-intermediário (veja aqui). Participantes com conhecimentos básicos de língua inglesa podem fazer a leitura da versão do Macmillan Readers (veja aqui).

O CACD Inglês Book Club tem como objetivos centrais desenvolver o gosto pela leitura em língua inglesa e promover atividades de extensive reading (saiba mais aqui). Também faremos nossa tradicional atividade de tradução, com o objetivo de desenvolver a competência tradutória!

Nosso encontro para a discussão do conto será em 1o. de julho, sexta-feira, a partir das 20h, via Zoom!

Essa é uma atividade gratuita, e todos os alunos do CACD Inglês e/ou do Curso Ideg estão convidados a participar! Caso você ainda não esteja em nosso grupo, junte-se a nós clicando aqui!

Cheers!

Selene

Dear ceacedista,

Este ano, devido ao curto tempo que temos entre a realização da prova de primeira fase e preparação final para a prova de segunda fase, infelizmente não conseguirei comentar questão a questão, como normalmente faço, ou aqui no blog, ou no YouTube. No entanto, deixo aqui alguns comentários sobre itens contra os quais acredito caber recurso. Vale apenas ressaltar que o fato de eu só comentar estes quatro itens não significa que vejo todos os outros itens como bem formulados ou como não passíveis de questionamentos.

*Atenção: estou comentando a prova de tipo “A”

QUESTÃO 35.4 (“The text argues that the artistic expressions…”)

O autor do texto não argumenta que as “expressões artísticas” teriam sido transitórias, mas sim que a mitologia criada a respeito do destino holandês teria sido um fenômeno transitório. O autor afirma que “This was potent mythology, to be sure. But it would have been ephemeral, had it been just the self-serving fancy of a few humanist intellectuals and grandees.” O referente de “it” é “potent mythology”, não algo que se referisse estritamente à expressão artística.

QUESTÃO 39.1 (In the sentence “look about the room”…)

Em “look about the room”, “about” é preposição, não advérbio. É uma preposição que conecta o verbo “look” ao sintagma nominal “the room”. O verbo “look”, nesse contexto, é um “prepositional verb” (Cf. BURTON-ROBERTS, N. Analysing Sentences: An Introduction to English Syntax. Harlow: Pearson, 2011: 78), ou seja, requer como complemento um sintagma preposicional. 

Como vemos no verbete do dicionário “Lexico”, da Oxford Dictionaries, a preposição “about” pode ter o sentido de “used to indicate movement within a particular area”, e uma das abonações do verbete é justamente “she looked about the room” (Disponível em <https://www.lexico.com/definition/about>. Acesso em 17/4/2022).

QUESTÃO 40.2 (“Despite setbacks in handling…”)

Quando a assertiva afirma que “the Portuguese have been able to maintain a commercial presence in some parts of the Chinese territory”, o tempo verbal usado no item (Present Perfect) conecta tempo físico passado a tempo físico presente. Nas palavras de Quirk et al, o Present Perfect é “past with current relevance” (QUIRK, R; GREENBAUM, S; LEECH, G; SVATVIK, J. A Grammar of Contemporary English, Harlow: Longman 1972: 91). No entanto, o texto é sobre o século 16 e o início do século 17 e não faz qualquer comentário sobre a presença comercial dos portugueses na China no século 21.

QUESTÃO 42.2 (in line 14, the word “both”…)

“Double bussiness bound” não poderia ser o referente de “both”, já que o referente desse pronome deveria ser um sintagma nominal. 

O pronome “both” é classificado como um “non-specific deictic” e, como tal, deve ser núcleo de um sintagma nominal elíptico. “Both”, portanto, refere-se ou a um “single nominal group” ou a “separate noun groups” (HALLIDAY, M.A.K.; HASAN, Ruqalya. Cohesion in English. London: Routledge, 2013: 155-157).

Para melhor compreensão do texto, podemos pensar na ordem direta da linha 12, que seria “And, like a man bound to double business”, trecho no qual, conforme a própria interpretação da banca no item 42.1, teria o sentido de “And, like a man constrained by double business”. Nota-se, portanto, que o referente de “both” é o sintagma nominal “double business”, não “double business bound”.

Seguindo nosso projeto de, em 2022, nos dedicarmos à literatura pós-colonial produzida em países da África, da Ásia e do Caribe, em fevereiro leremos Civil Peace, de Chinua Achebe!

O conto foi publicado em 1971 e nos mostra o contraste entre a devastação da Guerra Civil Nigeriana e a atitude positiva de Jonathan Iwegbu, um homem que se considera sortudo por ter sobrevivido à guerra.

Nosso encontro do Book Club acontecerá em 21/2, a partir das 20h, via Zoom! É uma atividade gratuita para alunos do CACD Inglês e do Curso Ideg!

Quer participar? Basta preencher este formulário!

Nossa primeira leitura de 2022 será The strange story of the world, de Chigozie Obioma!

Ambientada na Nigéria, a história é narrada por um filho, que se lembra de quando seu pai perdeu tudo: emprego, dinheiro, status — e até parte de sua família. A personalidade do pai, sua forma de se relacionar com pessoas e o mundo, as tradições e superstições da cultura Igbo são magicamente reveladas na prosa de Obioma, um jovem escritor nigeriano que é considerado o herdeiro de Chinua Achebe. O conto foi publicado na revista Granta em 2019. 

Chigozie Obioma nasceu em 1986, em Akure, Nigéria, e traz muito da cultura Igbo em sua escrita. Hoje vive nos Estados Unidos, onde é professor de Literatura na Universidade de Nebraska–Lincoln. Seus livros The fishermen (2015) e An orchestra of minorities (2019) foram indicados para o Booker Prize. 

Desde dezembro de 2021, o CACD Inglês Book Club tem se dedicado à leitura de autores do Sul Global. Nosso clube de leitores é uma atividade gratuita e já conta com a participação de quase 300 alunos!

Nosso encontro será em 24/1, a partir das 20h! Quer juntar-se a nós? Preencha este formulário! 🙂