Dear ceacedistas,

Tenho a alegria de compartilhar com vocês a entrevista que fiz com Douglas Rocha Almeida, candidato aprovado no CACD 2025. Douglas é a simpatia em pessoa e foi muito generoso em suas respostas! Espero que vocês aproveitem suas dicas!

Douglas, conte-nos um pouco sobre você!

Olá, futura(o) colega! Sou Douglas, aprovado no CACD 2025. Também sou o mais velho de quatro irmãos, tendo crescido em uma casa sustentada unicamente pela minha mãe, que é diarista. Trabalhei durante quase toda a minha preparação. A exceção foi oito meses, que foi quando tive bolsa-prêmio de vocação para a diplomacia. No restante do tempo (conto quatro anos e meio de preparação), fui, principalmente, analista em consultorias políticas e garçom, profissão que excerci dos meus 15 anos até após ter diploma de mestrado. Falando em mestrado, o meu eu fiz na Escola Superior de Guerra, em Segurança Internacional e Defesa. Sou, ademais, formado em Relações Internacionais pela Universidade Católica de Brasília, onde fui bolsista do ProUni. Cursei, ainda, Letras Espanhol na Universidade de Brasília. Ufa! Uma baita formação acadêmica para um negro da quebrada. Quando o concurso foi homologado, tinha 31 anos, recém-compledados. As comemorações de aniversário se somaram com as da aprovação e foi uma coisa linda, como serão as suas celebrações muito em breve.

Você já tinha conhecimentos avançados da língua inglesa quando começou a estudar para o concurso?

Na minha cabeça, eu tinha. Havia cursado Inglês no Centro Interescolar de Línguas (CIL), uma excelente escola pública de idiomas do Distrito Federal. Também escrevi e apresentei meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Inglês e obtive nota máxima. A realidade, porém, foi dura comigo. Reprovei na prova de Inglês duas vezes consecutivas, em 2021 e em 2022. Aliás, quando fiz a prova de 2022, minha única experiência escrevendo a “composition” havia sido na prova de 2021. A grana era curta. À época, não consegui, portanto, simular com professores. Além disso, o uso de Inteligência Artificial (IA) era pouco difundido nos longínquos 2021-2022, o que dificultava o estudo autônomo efetivo. Acredito que, apesar de ter um domínio interessante da Língua Inglesa, a pouca prática de simulados e a falta do conhecimento sobre a prova me fez amargar reprovações no início da minha preparação.

Quais dos nossos cursos você fez ao longo da sua preparação? 

No CACD Inglês, fiz o “Advanced Steps” e o “Connectives”, além de cursos de correção de discursivas.

Estudar inglês para CACD é diferente dos estudos que você fez antes da preparação para o concurso? Em que sentido?

Sim, muito. Para a prova objetiva, por exemplo, é recomendado que, durante seus estudos, a(o) candidada(o) desenvolva um banco de palavras, mesmo para vocábulários de baixa frequência. Deve-se, além disso, dominar intepretação de texto, com ênfase na busca dos referentes das palavras. Para a prova discursiva, conhecer gramática não é suficiente. É preciso dominar a estrutura do “argumentative essay”, além de atentar-se para o comando da questão etc. Essas, claro, são meras ilustrações de como o estudo da Língua Inglesa para o CACD se diferencia de estudos tradicionais para o idioma, que são, muitas vezes, focados em “listening” e em “speaking”, habilidades que não são avaliadas no concurso hoje.

Como você se preparou para a prova de primeira fase de inglês? 

Fácil. Praticando questões objetivas de provas anteriores. Uma curiosade: fiz mais de 85% pontos líquidos em Inglês na minha primeira prova de primeira fase. Reprovei, entretanto, na segunda fase. Meu palpite, desde então, é que há baixa correlação entre estar preparado para a primeira e estar preparado para a segunda fase.

E seus estudos de vocabulário? Você estudava vocabulário de alta frequência e de baixa frequência? Como estudava colocações e coligações? Você fez um banco de palavras?

Como a minha maior fraqueza na prova de Inglês era a fase discursiva, foquei meus estudos no vocabulário de alta frequência. Apesar de importante, o vocabulário de baixa frequência é relevante somente para a primeira fase e, para alguns, é loteria, já que é difícil cair as palavras pouco usadas que você estudou e até mesmo as que já caíram em provas anteriores. Estudava por meio de flashcards no Anki vocabulário de alta frequência, colocações e coligações. Meu banco de palavras ficava no Anki.

Qual foi a importância do feedback individualizado na sua preparação para a prova discursiva? Como você estudava esse material?

Por**! Foi importante demais. O feedback individualizado vem de professores que corrigem sua prova com base tanto nos seus erros como no que a banca efetivamente avalia. É sempre um material muito rico de estudo e de revisão. Eu sempre revisitava esse material, sobretudo com o intuito de reparar meus erros frequentes, como ortografia, o uso do “the” e coligações.

Quantas horas de estudos você dedicava, em média, à língua inglesa semanalmente?

Neste último ciclo, por volta de 1-2h semanais, aquém do que eu gostaria. Porém, já cheguei a estudar mais de 10h por semana.

Seus estudos de inglês mudavam com a publicação do edital? Você focava só na primeira fase, ou continuava com a preparação para a prova discursiva?

Meu estudo para as provas de idiomas, inclusive a de Inglês, não mudava com o edital na praça. Eu continuava de olho na prova discursiva. Recomendo, porém, muita atenção. Como cotista negro, nunca me preocupei em ir bem na prova de primeira fase, pois sempre atingi a nota de corte com facilidade. Se eu concorresse pela ampla, teria, talvez, mudado de estratégia.

Você tinha alguma estratégia no que diz respeito a deixar itens em branco na prova de inglês de primeira fase?

Saiba que é arriscado marcar itens sobre palavras de baixa frequência que você desconhece. Eu, no entanto, sempre marcava tudo. Aconselho testar diferentes estratégias.

Sobre a prova discursiva, o que achou do formato composition + summary? Você vê mais vantagens ou desvantagens na exclusão da tradução e da “versão”?

Olha, é uma pergunta complexa. Penso que esse novo formato é mais democrático, o que é excelente. Porém, eu havia investido muito do meu tempo e dos meus recursos me preparando para a prova de Inglês com quatro excercícios. Em suma, é bom, mas confesso que me prejudicou.

Em que ordem você acha aconselhável fazer os exercícios discursivos de inglês? E quanto tempo você reservou para cada exercício da prova de inglês de segunda fase?

Sugiro começar pela redação. Idealmente, reservo 2h30 para a redação e 1h para o resumo. Os 30 minutos restantes são para imprevistos, que sempre aconteciam comigo.

Como era seu processo para cada exercício da prova de inglês de segunda fase? Você conseguia fazer rascunho em todos? 

Quase nunca conseguia fazer rascunhos completos e, quando os fazia, sentia que eles não ajudavam tanto. Se fosse voltar a fazer a “composition”, faria um “outline” caprichado e, no máximo, o rascunho da introdução. No resumo, faria rascunho somente das contruções mais complexas.

Você já teve marcações de falta de legibilidade, rasuras fora do padrão, margem desalinhada etc. em sua prova de inglês? Qual era sua estratégia de prova nesse sentido?

Somente nas correções de professores, pois fazia os simulados sem rascunho e com pressa, por falta de tempo. Essas marcações nunca ocorreram na prova. Minha estratégia era pensar antes de escrever. Funcionava.

Qual foi sua estratégia quanto à extensão do texto na Composition e no Summary? 

A “composition” com 65-70 linhas é um desafio. Minha estratégia variava a depender do tema e do comando. Se eu percebia que devia aprofundar nos exemplos, investia em um texto com três parágrafos robustos de desenvolvimento, além da introdução e da conclusão, naturalmente. Já se eu percebia que a intenção da banca examinadora era a de que o texto comportasse uma diversidade de assuntos, mas sem um adensamento analítico, eu tentava escrever quatro ou até cinco paráfagros curtos de desenolvimento. No “summary”, por sua vez, eu tentava escrever entre 20 e 25 linhas, sempre observando as ideias centrais e deixando de lado os exemplos.

Se você pudesse destacar uma coisa que virou a chave na sua preparação para a prova de Língua Inglesa, o que seria?

Outra pergunta fácil. O treino constante das discursivas.

Por fim, você tem alguma dica de ouro para os candidatos e as candidatas que seguem na preparação?

Autoconhecimento é essencial. Descobrir o que funciona para você é mais importante do que aplicar dicas de outros candidatos. Dito isso, minha dica de ouro é contato diário com a Língua Inglesa.

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Você pode ler mais entrevistas com candidatos(as) aprovados(as) e seus depoimentos aqui!

Olá, CACDistas,

Este é o último comentário que publicarei sobre os itens de primeira fase do CACD 2025. Isso não significa, contudo, que concordo com todos os outros gabaritos preliminares ou que avalio que todos os outros itens foram bem elaborados.

ITEM 147 The spiritual armor mentioned in the first sentence of the text can be correctly understood as the condition of literacy, which characterizes the notion of civilization adopted by the author.

Subsídio para recurso: Não é possível interpretar adequadamente o sentido de “spiritual armor” no contexto, pois sua interpretação depende de noção construída no parágrafo anterior da obra, ao qual o examinador teve acesso, mas o candidato, não. 

Apesar de o caderno de prova não informar isto, o texto apresentado na prova é adaptado. O texto referenciado começa assim: “Thus equipped with spiritual armor against the threats and blows of a new, strange life, literate man marches forth to win victories in war and statecraft, art and science, religion and business” (disponível aqui, página 22). O advérbio “thus” (ausente no caderno de prova) tem, no contexto, uma função anafórica, retomando elementos argumentativos desenvolvidos anteriormente (ou seja, em uma porção de texto não disponível na prova), entre eles a ideia de que o ingresso do homem na civilização letrada implica uma perda de vínculos espirituais e comunitários, que ele tenta compensar por meio de símbolos de pertencimento, como os signos do Estado e da Igreja.

Este é o parágrafo imediatamente anterior ao texto adaptado apresentado pela banca:

Civilized man is neither more nor less brutish, self-seeking, or immoral than preliterate man. But, by virtue of division of labor and the witchery of writing, he lives at length in a great society rather than in a local community. He faces stresses and strains and dilemmas which have few counterparts in preliterate societies, save when they are in decay or under lethal assault from other cultures. As he grows up, his transfers of fear, rage, and love no longer flow smoothly from self to family to clan to tribal gods and to medicine men and the folkways and mores of his people. In a bewildering, pulsating urban world the age-old passions must perforce be transferred in part to abstractions: kings and popes, nobles and priests, castes and classes, sects and factions, provinces and nations, signs and words representing the prevalent conception (or somebody’s conception) of truth, beauty, and goodness and of falsehood, ugliness, and sin. In the process, old gods die, and old ways pass. Fresh learning is called for. All learning is painful. Work is to be done. All work is grief. Having crossed the threshold of civilization, man finds his mind by losing his soul. In dread and loneliness he grasps at feeble symbols of self-assurance. These, invariably, are devices which will recapture some sense of identity with the community and the cosmos. These are, most frequently, the signs and portents of State and Church, of mundane power and divine grace, usually mingled in a unity of belief and action which carries over into a new context much of the comforting magic of the lost days of long ago.

Esse parágrafo, omitido na prova, é essencial para a compreensão da metáfora “spiritual armor”. Nele, o autor apresenta uma análise dos efeitos subjetivos da civilização letrada: o homem moderno, ao atravessar o limiar da racionalidade escrita, perde vínculos comunitários e espirituais orgânicos e, em sua solidão e angústia, busca símbolos compensatórios que resgatem um senso de pertencimento. Esses símbolos — “signs and portents of State and Church” — são justamente aquilo que o texto, no trecho seguinte, chama de spiritual armor. Portanto, essa expressão só pode ser adequadamente interpretada à luz de informações não disponíveis ao candidato na prova. 

Além disso, com base na leitura desse parágrafo anterior — indisponível na prova —, fica claro que a spiritual armor não pode ser corretamente entendida, como propõe o item, como “a condição de letramento”, como propõe o item. Não é condição, mas sim uma reação simbólica e espiritual ao desamparo existencial causado por ele. A proposição do item está, portanto, equivocada, pois distorce a metáfora ao ignorar o processo de desintegração subjetiva e reconstrução simbólica descrito pelo autor. O item deveria ser anulado.

Comentário crítico: comentei os efeitos deletérios de adaptações como essa para a validação do exame de inglês nos comentários sobre o item 133.

ITEM 138 According to the last paragraph of the text, the local population of the Arab shores was greatly frightened by the presence of the newcomers because nobody knew what their purpose was.

Gabarito preliminar: ERRADO

Subsídio para recurso: O gabarito preliminar que considerou o item 138 como errado está incorreto, pois contraria as informações expressas no texto de estímulo. O enunciado afirma que, segundo o último parágrafo, “the local population of the Arab shores was greatly frightened by the presence of the newcomers because nobody knew what their purpose was.” Essa afirmação está integralmente sustentada pelo trecho final do texto, que diz: “The arrival of this fanatical army horrified the locals. Who were these pale-skinned, blue-eyed barbarians, marching under the sign of the cross, and what did they want on Arab shores at the dawn of the twelfth Christian century?”

Esse trecho explicita que:
(1) a população local ficou aterrorizada com a chegada dos estrangeiros (“horrified the locals”);
(2) havia incerteza generalizada quanto aos propósitos desses recém-chegados (“what did they want on Arab shores?”).

Ou seja, os dois elementos centrais do item – o medo dos locais e o desconhecimento sobre as intenções dos recém-chegados – estão presentes na superfície texto. 

Sobre o uso da palavra “nobody” no item, a qual inexiste no texto, a pergunta“what did they want…?” é uma expressão clara de desconhecimento coletivo sobre o propósito da presença dos estrangeiros. Trata-se de uma incerteza generalizada: a pergunta retórica, com sua função expressiva, demonstra a perplexidade da população local em geral. Assim, interpretar que o item está errado por causa do uso de “nobody” seria uma leitura literalista e descontextualizada, a qual desconsidera os efeitos pragmáticos da linguagem no texto.

ITEM 133 The author argues that the ethical governance of AI’s application in diplomacy is especially critical because its influence may extend beyond technical efficiency to altering the global distribution of political power.

Gabarito preliminar: CERTO

Subsídio para recurso: o item está ERRADO porque o texto não afirma que a influência da IA na diplomacia pode alterar a distribuição global do poder político.

O primeiro parágrafo afirma que, especialmente através de sistemas desenvolvidos em países com prioridades geopolíticas diferentes, a IA pode manipular sutilmente o comportamento humano, aprofundando a divisão tecnológica entre países avançados e aqueles com recursos limitados e reforçando (não alterando) assimetrias globais de poder.

O segundo parágrafo confirma que o item 133 está errado porque afirma que a incorporação da inteligência artificial à diplomacia deve ser governada por estruturas éticas fortes, especialmente quando a tecnologia tem o potencial de moldar as relações globais de poder por meio de negociações sensíveis. Em nenhum momento o texto sugere que a IA altera a distribuição global de poder político; ao contrário, ele enfatiza que a IA tende a reforçar assimetrias já existentes. A expressão usada no texto — “shape global power relations” — indica influência dentro de uma ordem preexistente, não uma transformação estrutural dessa ordem. Portanto, ao afirmar que a influência da IA pode levar à alteração da distribuição global de poder, o item extrapola indevidamente o que o texto argumenta, o que o torna errado.

Comentário crítico: ao ler as referências deste texto, o candidato pode ser levado a crer que está diante de um excerto do texto de Anusha Guru. No entanto, uma análise cuidadosa revela que o texto referenciado foi profundamente modificado pela banca examinadora (veja esta tabela comparativa). Essa prática não é exceção, mas sim uma constante nas provas de primeira fase de inglês do CACD: sob a aparência de “genuinidade textual”, o que é apresentado ao candidato é, na verdade, uma versão reformulada que expressa — com ênfases, omissões, substituições e reordenações — aquilo que o examinador quer que o candidato leia e interprete. Esse processo de adaptação vai muito além de ajustes de linguagem: ele envolve intervenções que alteram nuances argumentativas, reforçam certas ideias em detrimento de outras e, por vezes, possibilitam inferências não possibilitadas pelo texto referenciado (e vice-versa). Portanto, a dificuldade em avaliar esse tipo de item não está apenas na competência linguística do candidato, mas na instabilidade causada por um texto cuja forma e cujo conteúdo são manipulados.

Esse tipo de adaptação compromete a validação da avaliação. Quando o enunciado do item é construído a partir de uma versão reescrita e reinterpretada de um texto referenciado, o que se está testando não é a capacidade de o candidato compreender um texto genuíno (como ele deverá fazer, quando for diplomata), mas sim a habilidade de interpretar uma construção textual intermediada pela banca — com seus próprios filtros ideológicos, suas escolhas lexicais e suas reformulações argumentativas. É preciso que a banca examinadora repense, urgentemente, essa abordagem aos textos de estímulo na prova de inglês de primeira fase.

Caros CACDistas,

Começo, com esta postagem, a comentar alguns dos itens contra os quais acredito caber recurso, considerando o gabarito preliminar publicado em 22/07.

ITEM 123 In the excerpt ‘And we never connected the dots for women themselves to build the constituencies’ (second sentence of the last paragraph) the phrase ‘to build the constituencies’ functions as an adverb that modifies ‘connected’.

Gabrito preliminar: CERTO

Subsídio para recurso: O item está ERRADO porque afirma que a expressão “to build the constituencies” funciona como um advérbio que modifica o verbo “connected”, o que não é possível por duas razões fundamentais: classe de palavras e função sintática.

Primeiramente, advérbio (adverb) é uma classe de palavra — ou seja, um advérbio é uma palavra, como quicklyneverheretherealwaysperhaps. Advérbios podem modificar verbos, adjetivos ou outros advérbios, indicando circunstâncias como modo, tempo, lugar, intensidade, frequência ou causa.

Já “to build the constituencies” é uma oração infinitiva — formada por “to” + verbo no infinitivo (“to build”) seguido de seu objeto direto (“the constituencies”). Não se trata, portanto, de adverb, que é uma classe de palavra. Afirmar que uma oração infinitiva é um advérbio é, portanto, um erro: uma oração não pode ser classificada em uma classe de palavras.

Em segundo lugar, mesmo que analisássemos a expressão do ponto de vista funcional — ou seja, como adverbial (termo que designa qualquer estrutura que exerça função de adverbial, independentemente da classe de palavras) —, o item ainda assim estaria errado. Isso porque a oração “to build the constituencies” integra uma estrutura mais ampla: “for women themselves to build the constituencies”. Essa estrutura é uma oração infinitiva com sujeito expresso (“women themselves”), introduzida pela preposição “for”, e expressa finalidade: indica com que objetivo os “dots” deveriam ter sido conectados.

Assim, o item está errado porque:

– “To build the constituencies” não é “adverb”, como afirma o item — advérbio é classe de palavras, e essa é uma oração infinitiva.

– Essa oração infinitiva nem ao menos é adverbial no contexto.

Assim, do ponto de vista da classe de palavras e da função sintática, o gabarito está incorreto.

Comentário crítico: É preocupante que, em pleno 2025, a banca examinadora continue a elaborar a itens estruturalistas, centrados exclusivamente em aspectos formais da língua, como classes de palavras e funções sintáticas, em uma prova que se propõe a avaliar a competência leitora em inglês para selecionar os “melhores candidatos” (= maiores notas) como diplomatas. Esse tipo de item não oferece evidências válidas sobre a habilidade de interpretação textual do candidato, pois sua resolução depende apenas da análise microestrutural da frase, desvinculada de qualquer compreensão global ou inferencial do texto.

Mais preocupante ainda é o fato de que, além de persistir nesse modelo anacrônico de avaliação, a banca reincide nos mesmos erros de formulação (como se viu, por exemplo, na Q39.3 do CACD 2024), demonstrando, ano após ano, a falta de domínio de conceitos gramaticais, ou seja, do próprio estruturalismo que insiste em avaliar. A permanência desse tipo de falha compromete a qualidade e a validação da avaliação e evidencia a urgência de uma revisão profunda nos métodos de elaboração da prova de inglês.

Nosso aluno Pedro Henrique Oliveira Freitas, aprovado no CACD 2024, nos conta sobre sua preparação para as provas de inglês do CACD e ressalta que “o CACD é um jogo de resistência”.

Como foram seus estudos de língua inglesa antes de iniciar seus estudos para o CACD? Já considerava ter nível avançado de conhecimento do idioma?

Fiz escola de idiomas por uns 2 anos, mas não concluí o curso. Nunca morei fora, mas entendia bem e consegui me comunicar relativamente bem em língua inglesa. Aprendi majoriatariamente por conta própria. Considerava ter um nível intermediário para avançado.

Como você se preparou para a prova objetiva de língua inglesa?

Simulados fornecidos pelo curso e estudos de vocabulário por meio do Anki.

O que achou da prova objetiva de inglês este ano? 

Achei uma prova condizente com o histórico do concurso.

Na preparação para a prova discursiva, você acha importante fazer exercícios com correção individualizada? 

Sim. Embora a IA ajude muito, a correção individualizada por professor é muito mais rica.

Qual foi sua estratégia para os estudos de vocabulário? E de collocations, em particular?

Colocava novos vocabulários, erros e collocations que eu errava no Anki e ficava revisando os cards praticamente todos os dias.

Como você desenvolveu sua competência tradutória para nossa prova?

Curso teórico, correção individualizada e alguns poucos cards de tradução.

Em que ordem você realizou as tarefas de segunda fase este ano? Quanto tempo levou em cada tarefa? Conseguiu fazer rascunho de alguma tarefa?

Primeiro a redação: fiz o planning, o rascunho (exceto da conclusão), passei a limpo no caderno de resposta e depois fiz a conclusão direto no caderno de resposta. Depois fiz a tradução, com rascunho completo.

Como você avalia a atuação da banca na correção da sua prova discursiva? 

Acredito que foi uma correção justa, exceto na nota de fidelidade da tradução, que consegui majorar no recurso.

Você chegou a interpor recursos contra as correções de inglês? Se sim, quantos pontos conseguiu após os recursos? Acha que as respostas aos recursos foram satisfatórias?

Consegui 4 pontos no quesito fidelidade da Tradução, apenas isso. Considerei as respostas aos recursos muito satisfatórias.

Por quanto tempo você se preparou para o CACD? Durante esse período, fez dedicação exclusiva aos estudos para o CACD?

5 anos e 4 meses, estudando e trabalhando.

Quais foram os maiores desafios que você, pessoalmente, enfrentou ao longo da preparação?

Organização da rotina entre trabalho e família (sou casado e tenho uma filha).

Você acha que a prova de língua inglesa está entre as provas mais decisivas na fase discursiva? Quais provas considerou decisivas este ano? 

Não, pois as notas foram muito próximas entre os candidatos. A mais decisiva, para mim, foi Economia.

Você tem alguma dica de ouro para dar aos candidatos que seguem na preparação?

O CACD é um jogo de resistência, então basta persistir e buscar melhorias nos seus estudos que uma hora o resultado virá.

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Veja o depoimento do Pedro e entrevistas e depoimentos de outros aprovados aqui!

Nos meses de fevereiro/março, vamos explorar juntos a intensa narrativa de The Virgin and the Gypsy (1930), de D.H. Lawrence (1885-1930)!

Essa novela nos leva ao interior da Inglaterra pós-Primeira Guerra Mundial, onde a jovem Yvette, criada em um ambiente rígido e repressivo, se vê atraída por um enigmático cigano. Entre tradição e desejo, a história nos faz refletir sobre moralidade, convenções sociais, liberdade e instintos.

Alunos em nível avançado podem ler a obra original (compartilharei PDF em nosso grupo de Telegram!); alunos em nível intermediário podem ler esta versão simplificada (é preciso estar logado no site para fazer o download).

Nosso encontro será no fim de março (data a combinar no grupo), via Zoom!

É aluno do CACD Inglês é quer participar do CACD Inglês Book Club? Basta preencher este formulário!

Um tipo de texto que o ceacedista precisa aprender a frequentar, em suas leituras extensivas, são os textos técnicos, pois eles tanto fazem parte do construto da prova de primeira fase (por exemplo, o texto da UNDP no TPS de 2024) quanto são extremamente úteis para construir repertório temático para argumentar com base em evidências concretas na Composition, na prova discursiva de inglês.

Textos técnicos têm como objetivo principal transmitir informações específicas e detalhadas sobre um determinado tema, objetivando a clareza e a precisão na forma. São amplamente utilizados em contextos profissionais, acadêmicos e tecnológicos. 

Considerando que o tema da Composition do CACD 2024 foi water scarcity, nossa leitura de janeiro serão alguns textos técnicos (relatórios, policy briefs etc.) sobre esse tema, com o objetivo de coletar dados e aprender linguagem técnica! 

Com base nessas leituras, montaremos, juntos, alguns conjuntos de flashcards, para que os participantes possam, posteriormente, estudar esses dados e esse vocabulário! 

A atividade tem como objetivo principal sensibilizar os candidatos para a importância da frequentação de textos técnicos e para o tratamento que pode ser dado a eles na preparação para o CACD.

Os textos serão compartilhados em nosso grupo de Telegram, assim como os modelos de flashcards!

Nosso encontro acontecerá em 30/01, às 20h, via Zoom! É aluno do CACD Inglês e quer participar do CACD Inglês Book Club? Basta preencher este formulário!

Retomando as atividades do CACD Inglês Book Club após o CACD 2024, nossa leitura de novembro-dezembro será justamente uma “homenagem” à prova discursiva de inglês do CACD 2024: leremos uma entrevista, que foi o gênero textual que os candidatos precisaram traduzir para a língua portuguesa na tarefa da tradução do último CACD!

Nossa leitura será uma entrevista com Flora Thomson-DeVeaux , tradutora de The Posthumous Memoirs of Brás Cubas, realizada em 2021. Com base nessa leitura, teremos a oportunidade de discutir os desafios tradutórios da obra machadiana e visões de tradução, tanto da entrevistada quanto de nossa banca examinadora!

Nosso exercício de tradução também será uma “homenagem” ao CACD 2024: além de traduzirmos um trecho de uma entrevista, como proposto na prova este ano, faremos recursos contra um padrão provisório de resposta, com o objetivo de sensibilizar os candidatos sobre essa nova fase de recursos no CACD e seus impactos na correção da tradução na prova!

Nosso encontro será em 11 de dezembro, às 20h, via Zoom, e todos os alunos estão convidados! Se você é aluno e ainda não é membro do nosso Book Club, basta preencher este formulário para participar!

Dear ceacedista,

Considerando o gabarito preliminar divulgado em 17/09, publico aqui comentários sobre dois itens contra os quais acredito caber recurso, no que diz respeito à prova discursiva de inglês do CACD 2024. Como sempre, ressalto que o fato de eu só comentar estes dois itens não significa que vejo todos os outros itens como bem formulados ou como não passíveis de questionamentos.

QUESTÃO 39.3. In the third sentence of the text, “supreme” is an adjective modifying the noun “perfection”.

O que diz o gabarito preliminar? Certo.

Nosso questionamento:

No contexto, “supreme” poderia ser núcleo de um sintagma nominal. Quirk et al (1972, p. 251) afirmam que “adjectives can function as heads of noun phrases, and (like all noun phrases) can be subject of a sentence, complement, object, and complement of a preposition. Adjectives as noun-phrase heads do not inflect for number (…) and they must take a definite determiner”, como temos em “the supreme” no texto IV. Assim, o sentido do texto poderia ser “a busca pelo supremo, pelo impossível, pela perfeição mais que flaubertiana”. Nessa interpretação, “supreme” está coordenado com “perfection” (não com “Flaubertian”).

Para Quirk et al (1972, p. 251-253), são poucos os tipos de adjetivos que podem funcionar como núcleos de sintagmas nominais: 1) modificadores de substantivos pessoais (The innocent are often deceived by the unscrupulous), 2) alguns adjetivos pátrios (The Dutch are admired by their neighbors) e, o que nos interessa no caso, 3) alguns adjetivos abstratos:

He ventured into the unknown.

He admires the mystical.

He went from the extremely sublime to the extremely ridiculous.

Assim, considerando que “supreme” poderia ser ou núcleo do sintagma nominal ou modificador de outro núcleo (nesse segundo caso, modificando “perfection”, com a gramaticalmente desnecessária repetição do artigo definido), o item está, ao mesmo tempo, certo e errado. Portanto, deveria ser anulado.

QUESTÃO 39.4. The text suggests that, when their original drafts were modified by a minister, Hector and Douglas would stand up to him and insist on retaining the sharp, clear English of the original.

O que diz o gabarito preliminar? Certo.

Nosso questionamento:

O problema desse item está no uso do “stand up to”, que tem o sentido de “To meet, face, or withstand (an opponent, situation, etc.) courageously” (fonte: Oxford English Dictionary). Não há nada na passagem apresentada para interpretação que indique que Douglas e Hector enfrentavam o ministro corajosamente. Inclusive, o que a passagem indica é que ambos tratavam essa tarefa profissional “with their usual patience” e que reagiam a pedidos de alteração como os descritos no texto com um “wintry smile” (“wintry”, no contexto, no sentido de “Lacking warmth or brightness; dismal, dreary, cheerless. Also: devoid of fervour or affection” — fonte: Oxford English Dictionary). Dessa forma, o que está afirmado no item não consta da passagem, e o gabarito deveria ser alterado para “errado”.

Cheers!