Nos meses de maio e junho, nossa atividade de leitura no CACD Inglês Book Club será um pouco diferente: leremos um capítulo de Brazil: a Biography, tradução para a língua inglesa da obra Brasil: uma biografia, de Lilia Schwarcz e Heloisa Starling!
Na leitura do capítulo 2, The Sugar Civilization: Bitter for Many, Sweet for a Few, mergulharemos no ciclo do açúcar da História do Brasil, com foco na nomenclatura histórica – em português e em inglês!
Não é raro que textos sobre a História do Brasil caiam na prova discursiva do inglês do CACD, e um trecho do próprio Brasil: uma Biografia foi a tarefa da versão no CACD 2016!
Nossa atividade de terminologiabilíngue se dará com base em uma publicação minha (CANDIAN, 2022), e a data do encontro síncrono será decidida em breve, para o mês de junho!
O CACD Inglês Book Club é uma atividade gratuita para todos os alunos do CACD Inglês e do Curso Ideg! Para participar, basta preencher este formulário!
Nossa leitura no mês de abril vem envolta em muito mistério: leremos “The Sign of Four” (1890), de Sir Arthur Conan Doyle, que é a segunda história do detetive Sherlock Holmes!
Na Londres vitoriana, o lendário detetive Sherlock Holmes e seu fiel companheiro Dr. Watson embarcam em uma busca por um tesouro perdido e pela verdade por trás de uma série de eventos misteriosos. Quando uma jovem mulher busca a ajuda de Holmes para resolver o enigma do desaparecimento de seu pai, tem início uma trama intricada de traição, ganância e vingança. À medida que Holmes e Watson mergulham nas profundezas da criminalidade de Londres, enfrentam perigos e são confrontados com segredos que ameaçam suas próprias vidas.
A leitura original pode ser realizada por alunos de nível avançado, e a leitura simplificada é indicada para alunos a partir do nível pré-intermediário (CACD Step by Step, Step 2).
Se você é aluno do CACD Inglês ou do Curso IDEG, junte-se a nós para desvendar os mistérios e intrigas deste clássico do mistério e descubra por que as histórias de Sherlock Holmes continuam a cativar leitores em todo o mundo até hoje!
No mês de março, nossa leitura no CACD Inglês Book Club terá tudo a ver com o mês das mulheres: leremos “Three Guineas”, de Virginia Woolf!
Em 1938, em meio à ascensão do nazifascismo na Europa, Woolf publica o ensaio “Three Guineas” como uma resposta, inicialmente, a uma carta que lhe fora enviada por um homem que pergunta a ela: Como a guerra pode ser evitada?
Virginia Woolf nos guia por uma jornada de reflexão sobre questões de gênero, política e sociedade. Por meio de cartas imaginárias, a autora aborda temas como o papel das mulheres na sociedade, os efeitos da guerra e a luta pela igualdade de direitos. Com sua prosa eloquente e visão perspicaz, Woolf desafia convenções e nos convida a repensar o mundo ao nosso redor. Uma leitura essencial para quem busca compreender e transformar a realidade.
Essa é uma leitura para alunos de nível avançado — em abril, voltaremos a ter uma leitura que também é adequada para alunos de níveis básico e intermediário.
Nosso encontro do Book Club acontecerá no fim de março, em data e horário a definir. É aluno do CACD Inglês e/ou do Curso Ideg e quer participar do nosso Book Club? Basta preencher este link!
Nosso aluno Rogério Gonçalves Graças, aprovado no CACD 2023, nos conta sobre sua preparação para as provas de inglês do CACD e enfatiza a importância de pensar como a banca pensa!
Você já tinha conhecimentos avançados da língua inglesa quando começou a estudar para o concurso?
Não. Eu tinha conhecimentos de inglês generalista, pois estudei em escolas de idiomas na adolescência e fiz muitas leituras em inglês na universidade. Quando comecei a estudar para o Cacd, porém, minha escrita em inglês era elementar.
Quais cursos nossos você fez ao longo da sua preparação?
Procurei a professora Selene no meu terceiro ano de preparação. Após diagnóstico feito pela professora, decidimos conjuntamente que era importante começar uma nova preparação para o concurso, com a consolidação de conhecimentos básicos para posteriormente avançar na matéria. Fiz o Step by Step e o Advanced Steps. Após terminar os cursos, segui fazendo simulados de composition e version com a professora até pouco antes da 1a fase do Cacd 2023.
Como você organizava seu banco de palavras?
Recorri a obras de vocabulário, como o 4000 Essential English Words. Também utilizei outras, como a obra Using Spanish, de R. E. Batchelor. Essa obra contém um acervo riquíssimo de palavras, postas lado a lado (de um lado em inglês, do outro a tradução em espanhol). Essa obra é dividida em tópicos (e.g. natureza, política, fauna e flora etc.), o que me ajudou a conhecer de uma maneira um pouco mais sistematizada palavras menos usuais nos estudos para o Cacd, como nomes de animais, plantas, vertentes políticas e verbos de low frequency. Não cheguei a fazer um banco de palavras próprio, mas sim estudar com afinco padrões de colligation e collocation que eu grifava nos materiais do cursos da professora, nas correções dos exercícios, na obra 4000 Essential English Words e no livro do Batchelor, que eu usava pensando mais na version e na tradução da 2a fase de inglês, que não raro exigem conhecimentos nada triviais de vocabulário. Também recorri com frequência às obras Oxford Collocations dictionary e The BBI combinatory dictionary of English, mediante a releitura de grifos que eu fazia. Também fiz anotações e estudei com afinco a obra Vocabulando, de Isa Mara Lando.
Como você fazia as revisões do banco de palavras?
Eu relia os grifos e anotações que fazia nos materiais dos cursos da professora e nas obras de vocabulário a que me referi acima. As revisões não eram lineares, mas eu me esforçava para não ficar muitos dias sem fazê-las. Minhas revisões eram essencialmente releituras, repetições.
Você estudava vocabulário de alta frequência e de baixa frequência? E como estudava colocações e coligações?
Eu priorizava estudar vocabulário de alta frequência porque era o tipo de vocabulário que eu usaria na prova de escrita de inglês (tanto na composition e no summary quanto nas traduções). Eu reservava uma parte menor dos meus estudos para estudar vocabulário de baixa frequência, pensando sobretudo no que poderia ser cobrado na versão e na tradução. Eu estudava colocações e coligações por meio da análise continuada das correções da professora e dos materiais dos cursos, bem como dos grifos e das anotações que fiz nas obras Oxford Collocations dictionary e The BBI combinatory dictionary of English.
Quais exercícios complementares a nossas aulas você fez (gramática, vocabulário, Vocabulando, extensive reading etc.)?
Li com atenção a obra Simon & Schuster Handbook for writers e estudei com afinco o Vocabulando. Essas obras são incríveis, para dizer o mínimo, mas são enormes e demandam tempo. Sobretudo nos dias anteriores à 2a fase de inglês, foquei minhas revisões nas seções de gramática dos materiais que tinha do Step by Step e do Advanced Steps.
Como você estudava com base nas nossas correções individualizadas?
Após receber as correções, eu grifava padrões de colligation com uma cor e os de collocation com outra cor. Além disso, eu fazia comentários sobre os erros apontados pela professora e propunha soluções para eles. À medida que fui revisando as correções e as anotações que eu fazia, fui internalizando todo o progresso feito a cada exercício, o que me deu muita segurança no momento da prova.
Quantas horas de estudos você dedicava, em média, à língua inglesa semanalmente?
Cerca de 8 horas por semana. A prova de 2a fase de inglês sempre foi um grande desafio para mim. Por essa razão, após ter tido mau desempenho na 2a fase do Cacd 2021, decidi estudar inglês com muita constância e disciplina, ainda que espaçadamente.
Como seus estudos de inglês mudavam com a publicação do edital? Você focava só na primeira fase?
Eu focava na releitura dos materiais e das correções da professora. Dias antes da 1a fase, porém, eu revisava anotações e correções de provas de Cacds anteriores. Isso me dava confiança e me relembrava que não é necessário saber tudo para ir bem na prova. Ter estratégia de prova e aplicar os ensinamentos da professora são essenciais.
O que você julga importante na preparação para a prova de inglês de primeira fase?
Internalizar o que é ensinado pela professora nos cursos e conhecer profundamente as provas dos Cacds anteriores. As avaliações passadas são uma fonte de estudos riquíssima e devem ser analisadas com seriedade.
Você tinha alguma estratégia no que diz respeito a deixar respostas em branco na prova de inglês de primeira fase?
Minha estratégia na 1a fase sempre foi tentar não deixar nada em branco. Para mim, isso sempre deu muito certo, pois, ao fazer as provas anteriores e as corrigir, percebi que o saldo dos meus “chutes” era sempre positivo. Isso, no entanto, foi o meu caso, e aconselho que cada candidato (a) reflita profundamente sobre o que é melhor para si. Na 1a fase de Inglês, nas 2 vezes que fiz, cheguei a deixar itens em branco, pelo simples motivo de não ter ideia da resposta (isso ocorria sobretudo em questões de vocabulário). Quando eu tinha pelo menos 51% de certeza da resposta, eu costumava não deixar em branco.
Sobre a prova discursiva de inglês, em que ordem você acha aconselhável fazer as tarefas? Por quê?
Minha estratégia sempre foi seguir a ordem composition/summary/versão/tradução. No Cacd 2023, após o início da prova discursiva, porém, acabei seguindo a ordem composition/versão/tradução/summary. Fiz isso porque consegui fazer a redação muito rapidamente (cerca de 1 h e 50 min.). Ao perceber que ainda tinha mais de 3 horas para fazer os demais exercícios, optei por fazer primeiro os que eu sabia que tinham maior potencial de discrepância de notas entre os candidatos: primeiro a versão, depois a tradução. Essa estratégia deu certo, pois tive notas altas nos dois exercícios, e isso foi um importante fator de diferenciação. No summary, tive bom desempenho, mas aquém do que eu esperava. Talvez por tê-lo deixado por último e já estar cansado, acabei não o fazendo com o mesmo esmero que os outros exercícios. Ao meu ver, o summary é o exercício com maior potencial de notas altas. Portanto, fazê-lo com muita atenção costuma ser muito recompensador.
Quanto tempo você acha aconselhável reservar para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase?
2 horas e 15 min. para a composition, 1 hora e 10 min. para o summary, 45 min. para a versão e 40 min. para a tradução. Considero importante deixar os 10 min. finais para revisar todos os exercícios e corrigir erros, se possível. É preciso ter muito cuidado, pois rasuras sobrescritas são penalizadas pela banca examinadora.
Como era seu processo para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase? Você conseguia fazer rascunho em todas as tarefas? E revisões?
Eu fazia rascunho apenas da composition, não só porque ela representa 50% dos pontos da prova, mas também porque ir bem na redação costuma ser fator decisivo para a aprovação no Cacd. É raro encontrar candidatos que foram aprovados sem terem feito boas compositions. Quanto às demais tarefas, eu as fazia diretamente nas folhas de respostas, com muita cautela e com concentração redobrada.
Por fim, você tem alguma dica de ouro para os candidatos que seguem na preparação?
Pensem como a banca pensa! Uma estratégia defensiva, baseada tanto na gramática normativa quanto em padrões de colligations e collocations, é o melhor caminho. Internalizem os ensinamentos da professora Selene e busquem se tornar aprendizes autônomos de língua inglesa. Não menosprezem nenhuma das tarefas da prova discursiva. As traduções, em especial, não são loteria: elas exigem trabalho e aprimoramento contínuos.
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Veja o depoimento do Rogério e entrevistas e depoimentos de outros aprovados aqui!
Aprovado após dois anos de estudos, Marcel Soares de Souza nos fala sobre sua preparação em língua inglesa!
Você já tinha conhecimentos avançados da língua inglesa quando começou a estudar para o concurso?
Comecei a estudar para o CACD no final de 2021. Na época, possuía bom conhecimento instrumental do inglês (especialmente para leitura e comunicação oral), e, durante a adolescência, concluí um curso regular de Inglês. Mas nunca havia estudado inglês para fins específicos. Me interessei muito pela proposta pedagógica do CACD’ Inglês e, depois do nivelamento, decidi iniciar pelo “Basic Steps”.
Quais cursos nossos você fez ao longo da sua preparação?
Step by Step (início em fev./2022) e Advanced Steps (inicio em nov./2022). Antes do TPS de 2023, fiz também a Season 1 de Simulados Objetivos.
Como você organizava seu banco de palavras?
A partir das provas anteriores do CACD e das atividades dos Cursos, alimentava o banco de palavras com os vocábulos ou construções que desconhecidos ou que geravam dificuldades. Organizei os bancos por meio do “Notion”, agrupando-os em algumas tabelas por categorias especificas: palavras com dificuldade de grafia, colocações, coligações, phrasal verbs, termos simples. Fiz também uma tabela para palavras com polifuncionais ou com campos semânticos muito amplos (neste caso, por praticidade, apenas com links para os verbetes nos dicionários – Merriam-Webster ou Oxford Learner’s). Nos momentos anteriores às etapas discursivas, construía também alguns repertórios com vocabulário temático (ex: meio ambiente, geopolítica, questões de gênero, tecnologia).
Como você fazia as revisões do banco de palavras?
Considerando a importância da Língua Inglesa para o concurso e para a carreira, optei por inserir a disciplina em todos os dias de estudo, com durações variadas. Revisava as tabelas e coloria as linhas referentes aos termos quando eles já me pareciam assimiliados. Tentava fazer essas revisões pelo menos duas vezes por semana. Além das tabelas que havia montado no Notion, utilizava os aplicativos de celular do “4000 Essential English Words”.
Você estudava vocabulário de alta frequência e de baixa frequência? E como estudava colocações e coligações?
O vocabulário de alta frequência foi estudado principalmente a partir da série “4000 Essential English Words”. O vocabulário de baixa frequência era estudado a partir de palavras ou construções que geravam dificuldades nos exercícios do Curso e nas provas anteriores do CACD. Para as colocações e coligações, também buscava atentar para a forma com a qual elas apareciam nas leituras, e copiava-as para o banco de palavras. Eventualmente, também usava dicionários mais voltados para o aprendizado (Oxford Learner’s Dictionary) e sites como https://www.freecollocation.com/ e ozdic.com . Gostaria de ter usado mais o recurso aos corpora, mas por vezes a rotina de estudo não era compatível com o tempo necessário, principalmente porque eu trabalhei durante quase toda a preparação.
Quais exercícios complementares a nossas aulas você fez (gramática, vocabulário, Vocabulando, extensive reading etc.)?
Na maior parte das vezes, os exercícios das próprias Unidades de conteúdo. Nem sempre foi possível seguir os exercícios do “Vocabulando”, mas eu o considero um material excelente e muito certeiro para as atividades de Versão e Tradução. Atividades de extensive reading foram mais baseadas em artigos de periódicos. Também usei bastante o livro “The World: a Brief Introduction”, de Richard N. Haass, porque tem um repertório temático muito parecido com aquele cobrado no CACD (o interessante é que o livro acabou ajudando com bases de argumentação para outras disciplinas, como Política Internacional e Geografia, por exemplo, além da própria Redação de Língua Portuguesa). Também usei bastante os sites de organizações internacionais (principalmente das Nações Unidas).
Como você estudava com base nas nossas correções individualizadas?
Transcrevi as dificuldades para o banco de palavras. Nas semanas mais próximas à etapa discursiva do concurso, pegava a cópia não corrigida de todas as atividades que eu havia feito até então e as relia para tentar identificar os erros.
Quantas horas de estudos você dedicava, em média, à língua inglesa semanalmente?
Entre 5 e 8 horas.
Como seus estudos de inglês mudavam com a publicação do edital? Você focava só na primeira fase?
Tentei não mudar o padrão de estudos com base no Edital, e sempre reservava tempo tanto para estudo voltado para o TPS quanto para a Segunda Fase. A única alteração era quanto a frequência de revisões dos bancos de palavras, que eu buscava aumentar nas semanas anteriores ao TPS.
O que você julga importante na preparação para a prova de inglês de primeira fase?
Acho que três elementos são muito importantes para o TPS: (1) Extensive Reading: é uma prática que dá fluência de leitura, ajuda com o tempo de prova e com a concentração, e favorece a assimilação de lógicas e estruturas que podem ajudar a resolver itens mais duvidosos; (2) Bancos de Palavras: tradicionalmente, o TPS tem cobrado muito de competência lexical, daí a importância dos bancos. Mas é importante construir os bancos a partir das próprias experiências de estudo e leitura, pois isso torna o aprendizado mais sólido; (3) Resoluções de Provas Anteriores: querendo ou não, é o que de mais concreto temos em relação à possibilidade de entender o conteúdo, a forma e o estilo da exigência do Concurso.
Você tinha alguma estratégia no que diz respeito a deixar respostas em branco na prova de inglês de primeira fase?
Por conta da penalização mais branda por erro aplicada pelo IADES (0,125), optei por nunca deixar itens em branco.
Sobre a prova discursiva de inglês, em que ordem você acha aconselhável fazer as tarefas? Por quê?
Nos dois anos em que fiz as discursivas, reservei os primeiros minutos para ler o texto a ser resumido e o texto a ser traduzido. Usei essa tática como meio de diminuir a tensão inicial da prova e de “virar a chave” para o inglês na cabeça. Em seguida, lia o texto motivador da Composition, sublinhando termos relevantes, e circulava com força todas as palavras do enunciado que fossem comandos. Tentava concluir o rascunho da Composition em 2 horas, e, em seguida, passava-o a limpo. Na sequência, fazia a Versão, o Summary e deixava a Tradução por último.
Quanto tempo você acha aconselhável reservar para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase?
Na situação de prova, e a depender da extensão e do perfil dos textos, esse tempo pode variar bastante, mas acho que é essencial reservar entre 2:00 e 2:30 para a Composition, pelo peso e pela complexidade. Para a Versão, acho que 1 hora é aconselhável, pois, além de ter o segundo maior peso da prova, o risco de cometer erros de CGPL (Correção Gramatical e Propriedade da Linguagem) é bem mais alto que nas demais atividades, pois o texto-fonte limita nossa possibilidade de buscar alternativas de escrita.
Como era seu processo para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase? Você conseguia fazer rascunho em todas as tarefas? E revisões?
Além do que relatei, conseguia fazer rascunhos para as atividades de Composition e Versão. Nos dois anos em que fiz a etapa discursiva, não consegui fazer rascunhos para o Summary e a Tradução. Especificamente quanto o Summary, tentava dividir o texto a ser resumido em seções correspondentes a ideias relevantes e redigia o resumo condensando essas ideias em outras palavras.
Por fim, você tem alguma dica de ouro para os candidatos que seguem na preparação?
Acredito que, nos momentos iniciais do estudo, é preciso um pouco de “tentativa e erro”, até que cada um encontre o jeito de estudar e de se organizar que cause menos sofrimento e que dê mais resultado, sem apego a fórmulas pré-fabricadas. No meu caso, acho que foi muito importante ter incluído a Língua Inglesa em todos os dias da preparação, mesmo que com durações variadas, porque a recorrência e a prática são fundamentais para as provas de línguas (se só sobraram 10 ou 15 minutos, por exemplo, acho que é válido inserir qualquer coisa que garanta essa regularidadade, nem que seja a leitura de um artigo mais curto ou uma revisão pontual de alguma parte dos bancos de palavras, cards, etc.). Mesmo assim, acredito que seja importante não se viciar em exercícios práticos, porque com o tempo a consistência do acúmulo de conteúdo vai se perdendo. Então, é muito importante, revisar estruturas que geram dificuldade, rever colocações, revisitar os bancos de palavras e, principalmente, tentar manter um nível de regularidade em extensive reading.
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Veja o depoimento do Marcel e outros depoimentos e entrevistas aqui!
Aprovado aos 22 anos no CACD, Luis Marcelo Gomes Mendes Leite nos conta um pouco sobre sua preparação em língua inglesa para o CACD!
Você já tinha conhecimentos avançados da língua inglesa quando começou a estudar para o concurso?
Não. Ao contrário: tinha conhecimentos muito básicos de leitura e absolutamente nada de escrita.
Quais cursos nossos você fez ao longo da sua preparação?
Step by step e Advanced steps.
Como você organizava seu banco de palavras?
Utilizei o anki, com cards de digitação. Confesso que não montei um banco de palavras muito elaborado, o que foi um erro.
Como você fazia as revisões do banco de palavras?
O próprio anki fazia isso por mim.
Você estudava vocabulário de alta frequência e de baixa frequência? E como estudava colocações e coligações?
Sim. Utilizei os livros do 4000 essential words. Os de baixa frequência eu estudava com base nas atividades de extensive reading e simulados (objetivos e discursivos), mas dava bem menos importância que às de alta frequência. Colocações e coligações tambem eram estudadas com base em atividades de extensive reading e simulados (objetivos e discursivos). Ademais, utilizei muito o COCA.
Quais exercícios complementares a nossas aulas você fez (gramática, vocabulário, Vocabulando, extensive reading etc.)?
Todos eles. Tudo ia pro anki, em formato de cards para digitação, o que me ajudou muito a criar confiança em ortografia.
Como você estudava com base nas nossas correções individualizadas?
Passava todas as indicações para o anki, majoritariamente na forma de exercicios novos. Muitas vezes usei o chatgpt para diversificar os exemplos.
Quantas horas de estudos você dedicava, em média, à língua inglesa semanalmente?
2h por dia. Religiosamente todos os dias da semana.
Como seus estudos de inglês mudavam com a publicação do edital? Você focava só na primeira fase?
Eu não fazia alterações no planejamento nem na forma de estudo. Mantinha exatamente da mesma forma.
O que você julga importante na preparação para a prova de inglês de primeira fase?
Manter contato com textos de natureza variada e buscar simulados condizentes com o nível da prova.
Você tinha alguma estratégia no que diz respeito a deixar respostas em branco na prova de inglês de primeira fase?
Não, marcava todas.
Sobre a prova discursiva de inglês, em que ordem você acha aconselhável fazer as tarefas? Por quê?
Composition, resumo, versão e tradução. Seguia a ordem da menos mecânica para a mais mecânica dado o cansaço que a prova gerava.
Quanto tempo você acha aconselhável reservar para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase?
2 horas para composition, 1 hora para cada uma das restantes.
Como era seu processo para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase? Você conseguia fazer rascunho em todas as tarefas? E revisões?
Sim, era possível fazer rascunho e revisões de todas as tarefas.
Por fim, você tem alguma dica de ouro para os candidatos que seguem na preparação?
Revisão e pragmatismo.
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Veja o depoimento do Luis Marcelo e mais depoimentos e entrevistas aqui!
Nossa primeira leitura de 2024 será “The Wave”, de Morton Rhue (Todd Strasser)!
O romance expõe as complexidades do poder e da conformidade. A trama se desenrola na sala de aula, quando um professor de História decide conduzir um experimento social para ilustrar os perigos do totalitarismo. À medida que “a Onda” ganha força, os estudantes são levados a questionar até que ponto estão dispostos a seguir as normas sem questionar.
“The Wave” foi inspirado em uma história real, que aconteceu em uma escola na Califórnia. É uma narrativa envolvente que explora a psicologia de grupo e a fragilidade da liberdade individual. A leitura nos lembra da importância de questionar, mesmo quando “a onda” parece irresistível.
Alunos em nível avançado podem ler a obra original (por exemplo, aqui). Há também uma versão simplificada gratuita para alunos em nível pré-intermediário aqui.
Nosso encontro será em fevereiro (data a decidir) via Zoom! Você é nosso aluno e ainda não participa do CACD Inglês Book Club? Preencha este formulário para ter acesso ao nosso grupo no Telegram!
Nossa última leitura deste ano será o conto de ficção científica “The Star”, do consagrado autor, inventor e explorador Arthur C. Clarke (1917-2008).
Um grupo de cientistas viaja em uma missão interestelar para estudar a nebulosa Fênix, ou o que restou de uma estrela após explodir em uma supernova. A expedição é comandada por um padre jesuíta, narrador dessa história que fará você refletir sobre religião e ciência e sobre o lugar da humanidade na vastidão do cosmos.
“The Star” foi publicado em 1955 e rendeu a Clarke seu primeiro Hugo Award, uma das maiores premiações para obras de ficção-científica. O conto é bem curtinho e pode ser lido na íntegra aqui.
Nosso encontro para discussão da obra e do exercício de tradução comparada acontecerá em dezembro (data a definir). Quer fazer essa leitura conosco? Todos os alunos estão convidados! Para ter acesso ao nosso grupo no Telegram, basta preencher este formulário.
O objetivo desta postagem é discutir problemas de inconsistência (unreliability) nas correções da prova discursiva de inglês do CACD 2023. A motivação desta postagem é dupla. A primeira é conscientizar o ceacedista, público-alvo principal deste blogue, sobre como a prova de inglês do CACD não acontece no vácuo sócio-institucional, como se a língua inglesa pudesse ser “hermeticamente isolada” e avaliada em uma forma “pura” — e o impacto que isso tem em sua preparação para essa prova. A segunda é construir um argumento de que avaliar a língua inglesa com mais consistência (e validade e transparência e accountability) é fundamental para que a prova de inglês do CACD realmente sirva o propósito declarado de selecionar quem mais está preparado (em termos de habilidades linguísticas em inglês, no caso) para ser diplomata no Brasil. Assim, a segunda motivação é, em última instância, levar a melhorias no processo de avaliação, tanto para candidatos como para o próprio corpo diplomático brasileiro.
Contextualização
A prova de segunda fase de língua inglesa do CACD 2023 aconteceu em 17 de outubro e, em apenas 17 dias corridos, como previa o edital, as mais de 400 provas que foram realizadas nessa fase do certame já haviam sido corrigidas e as notas, divulgadas. Meu receio, como comentei na live sobre estratégias de segunda fase, era que, com tão poucos dias separando a prova das notas, tivéssemos um cenário de uma banca avaliadora muito numerosa e/ou de problemas de consistência (reliability) na avaliação.
A preocupação não era infundada. No CACD 2021, a média das notas provisórias de inglês foi baixíssimos 48,26 pontos, sendo que a nota mínima para aprovação na prova era de 50 pontos. Na ocasião, cerca de 80% dos candidatos negros e PCD foram eliminados do certame por causa das hipercorreções (overmarking) na prova de inglês, e o Instituto Americano de Desenvolvimento (Iades), banca organizadora do concurso, chegou a ser denunciado ao MPF por irregularidades no concurso. Após o período de recursos contra as marcações da banca, as médias finais de inglês aumentaram para 60,46 pontos: foram mais de 12 pontos de diferença na média final de inglês, baseados aparentemente na capacidade de argumentar dos candidatos e no livre convencimento da banca avaliadora.
O ano de 2022 foi menos comentado, mas não isento de problemas. Mencionei um desses problemas na live de estratégias: o ano de 2022 foi quando o quesito CGPL (correção gramatical e propriedade da linguagem) começou a ser avaliado em correlação com os quesitos FID (fidelidade, nas traduções), CSC (capacidade de síntese e concisão, no resumo) e 1C (capacidade de análise e reflexão, na redação) (vide nota 1). No exemplo que dei na live, comentei que as notas 1C (que, teoricamente, podem variar entre 0 e 5 pontos) variaram tão pouco que todas as notas abaixo de 4 foram subutilizadas (underutilized): de 270 notas publicadas no DOU, apenas 28 eram inferiores a 4,0 (em termos técnicos, identifiquei alfa de Crombach inferior a 0,7 no quesito 1C da redação, o que demonstra inconsistência interna do item). Isso contribuiu para notas altas na tarefa da redação em 2022 e, portanto, para pouca insatisfação com essas correções, que, no entanto, claramente também apresentaram problemas de consistência.
Em 2021, muito se protestou contra a prova de inglês; em 2022, contudo, pouco se comentou sobre a prova. Entretanto, são problemas de consistência que observamos nesses dois anos de aplicação da prova. Quando as notas são mais altas, os candidatos costumam ficar mais satisfeitos, como se notas mais altas fossem necessariamente um reflexo de melhora em seus desempenhos, o resultado positivo de seus esforços. No entanto, notas sem consistência não são reflexo de desempenho, mas sim sinais de problemas sérios na avaliação.
Com aparentemente nenhuma mudança nesse sentido foi implementada depois do CACD 2021 e do CACD 2022, e com o prazo exíguo para as correções da prova de 2023, os temores foram confirmados: no CACD 2023, tivemos mais um ano de muitas inconsistências. Entre 6 e 8 de outubro, recebi 159 provas de candidatos para nossa iniciativa de auxílio na interposição de recursos, dentre as quais consegui analisar 131 dentro do prazo de recursos. Comento seis dos problemas que observei nessas provas:
1.Subcorreção
Não foi preciso chegar à análise da vigésima prova para perceber o óbvio: as provas de inglês deste ano foram subcorrigidas (undermarked) no critério “correção gramatical e propriedade da linguagem” (CGPL). Isso é dizer que as notas de CGPL foram altas nas tarefas não necessariamente porque os candidatos tiveram desempenhos melhores, mas sim porque o examinador não corrigiu a prova conforme o construto declarado da prova e conforme a operacionalização do construto em outros anos de aplicação da prova (para os conceitos de construto declarado e construto operacionalizado, veja Knoch, Macqueen, 2020).
Isso não significa dizer que eu acho que correção deveria ser mais “rígida”: é importante ressaltar que eu nem ao menos acredito que “correção gramatical e propriedade da linguagem” deveria ser um critério de correção em nossa prova. O que faltou à correção não foi “rigidez”, mas sim consistência: muito do que usualmente é considerado erro no quesito CGPL (considerando a atuação da banca outras edições do CACD) mal foi marcado nas provas, e houve muita discrepância nas marcações se comparadas as provas dos candidatos. É como se o examinador tivesse usado, este ano, uma régua diferente para mensurar as habilidades linguísticas dos candidatos, se comparada à régua usada em anos anteriores (e, na verdade, réguas diferentes para mensurar as habilidades de candidatos diferentes neste mesmo ano), sendo que a régua anunciada no edital de 2023 era igual às réguas anunciadas em anos anteriores. Falta de consistência é problema sério em qualquer avaliação, mas especialmente naquelas que servem para ranquear os avaliados e tomar decisões de alto impacto (como a seleção dos novos diplomatas brasileiros) com base nesse ranqueamento.
2. CGPL: ortografia, legibilidade, rasuras
Em muitas provas, a avaliação do quesito CGPL foi simplesmente reduzida a marcações de ortografia, legibilidade e rasuras. Não que os candidatos não tivessem cometidos outros tipos de erros, mas os únicos marcados e penalizados, nessas provas, foram ortografia, legibilidade e rasuras… A impressão que se tem ao analisar essas provas é que, para ser diplomata no Brasil, o que importa, em termos de conhecimentos de língua inglesa, é escrever as palavras com as grafias indexadas em dicionários, ter boa caligrafia e não editar o próprio texto ao perceber que há erros… Isso me lembra os antigos regulamentos de prova do hoje Ministério de Relações Exteriores, ainda no século 19, em que se exigia que o candidato tivesse “um bom talho de letra” (veja Castro, 2009). Qual seria a validade (vide nota 2) desse tipo de avaliação em pleno século 21, quando suponho que todos os diplomatas brasileiros tenham acesso a processadores de texto? É isso mesmo que o MRE deseja avaliar por meio da prova discursiva de inglês do exame de entrada da carreira diplomática?
3. Quesitos não-CGPL
Para os quesitos não-CGPL (fidelidade, capacidade de síntese e concisão, organização do texto e desenvolvimento do tema), ainda farei análises descritivas dos resultados provisórios e finais da nossa prova de inglês, como fiz em 2022, quando identifiquei o problema de falta de consistência interna no quesito 1C da redação. De qualquer forma, ao longo do processo de interposição de recursos, acompanhei de perto o desespero dos candidatos por não saber exatamente o que argumentar em seus recursos com relação aos quesitos não-CGPL. Isso acontece porque a prova não traz qualquer marcação relacionada a esses quesitos, e a ausência de rubricas analíticas impossibilita que os candidatos saibam, por exemplo, por que tiraram 4,00 e não 4,25 em CSC. Falei mais sobre esse problema das rubricas não-CGPL nesta postagem.
4. Padrão de respostas
Talvez o maior absurdo da prova deste ano tenha sido o caso do padrão de respostas. Um padrão de respostas foi divulgado assim que as provas começaram a ser liberadas na plataforma do Iades, e os candidatos recursantes começaram a redigir seus recursos com base nesse padrão de resposta. Contudo, pouco tempo depois, o padrão de resposta literalmente desapareceu do site do Iades; ao ser contatada, a instituição afirmou que o padrão “saiu sozinho” do sistema e que o mesmo arquivo seria devolvido para a plataforma. A surpresa geral, entre os candidatos recursantes, foi quando surgiu um arquivo novo, retificado, com um novo padrão de resposta para a redação. Compare o teor dos dois padrões de resposta da redação:
Padrão de resposta original da tarefa Redação da prova discursiva de inglês do CACD 2023 Padrão de resposta retificado da tarefa Redação da prova discursiva de inglês do CACD 2023
As perguntas que não querem calar são óbvias: as provas foram corrigidas pela banca examinadora com base no padrão original ou no padrão retificado? O conteúdo do padrão de resposta é avaliado no quesito 1A, 1B e/ou 1C? Para que serve o padrão de resposta, em termos de atuação dos examinadores, considerando o anexo IV do edital de abertura do concurso?
5. Banca avaliadora
Até hoje (21/10/23), não temos informações sobre quem são os membros da banca avaliadora de inglês. A disponibilização dessa informação é crucial para a transparência do concurso, porém essa não é a primeira vez em que estamos no escuro (sugiro ler esta postagem do professor Luigi Bonafé). Mas, para além de “quem foi a banca desse ano?”, algumas questões mais aprofundadas precisam ser perguntadas: quem está de fato apto a elaborar e corrigir avaliações de inglês de alto impacto (high-stakes tests), como é a prova de inglês do CACD? Será que basta ter bons conhecimentos de língua inglesa para avalizar a atuação de alguém como desenvolvedor de avaliação (test designer)e/ou como examinador? As pessoas envolvidas no desenvolvimento e na correção da prova passam por algum tipo de formação técnica específica, na área de avaliação de línguas? A ciência da Avaliação de Línguas, subcampo da Linguística Aplicada, tem 70 anos de existência, mas a prova de inglês do CACD ainda parece estar na era pré-científica (Spolsky, 1978) – farei uma postagem sobre isso em breve.
6. Respostas aos recursos
As notas finais da nossa prova de segunda fase já foram divulgadas, e os candidatos aprovados seguem para a terceira fase. No entanto, as respostas aos recursos interpostos pelos candidatos ainda não foram publicadas. Isso significa que os candidatos recursantes não receberam qualquer feedback ainda a respeito de seus desempenhos e de suas argumentações. É como se a única coisa que importasse nessa avaliação fossem as notas, as quais nem ao menos têm consistência.
É impossível olhar para essa situação e não lembrar do que diz Elana Shohamy (2013, pos. 3132): “not providing the test taker with feedback, can be considered a situation in which the test taker is being used by those in authority. In such ways the test taker becomes a tool through which the agenda of those in power can be achieved but the test taker receives no personal benefit. Thus, the use of feedback provides a more ethical and pedagogical approach (…)”. Ainda nas palavras de Shohamy (2013, pos. 3143), “feedback is the minimum that testers need to supply to test takers. The feedback should be used to expand and get to deeper insight into learning”.
Impacto nos seus estudos
Se você, leitor, é ceacedista, acho esse relato e esses questionamentos fundamentais para que você reflita sobre sua preparação para a prova de inglês do CACD:
ortografia: quando você receber o feedback dos exercícios com correção individualizada, se houver marcações de ortografia, elas não são menos importantes que marcações de morfossintaxe ou de propriedade vocabular. Construa um baralho no Anki (ou aplicativo equivalente) para treinar ortografia, com flashcards inspirados sobretudo em seus próprios erros.
legibilidade: ao receber o feedback dos exercícios com correção individualizada, se houver marcações de legibilidade, perceba a necessidade de trabalhar na sua caligrafia.
silabação: ainda há candidatos que perdem pontos por separação de sílabas incorreta em inglês. É desnecessário separar sílabas nas tarefas em inglês. Falei sobre isso aqui.
rasuras: o único tipo de rasura aceito pela banca examinadora está previsto no item 13.7.1 do edital (2023): “Caso o candidato queira desconsiderar, para fins de avaliação, trecho escrito na(s) folha(s) de texto definitivo das provas escritas, ele deverá fazer um único traço sobre o trecho a ser desconsiderado e continuar o texto da resposta imediatamente após o trecho traçado”. Outros tipos de rasuras, inclusive rasuras sobrescritas, podem ser, como foram este ano de novo, penalizadas. Desenvolva a habilidade de editar seus textos na etapa do rascunho.
notas simuladas: é impossível simular notas tecnicamente em um cenário em que a rubrica não é clara e a atuação da banca examinadora é inconsistente, como o cenário descrito acima. Faça exercícios de correção individualizada com foco no qualitativo (desenvolver competências, habilidades, estratégias), não com foco no quantitativo (simular notas).
Considerações finais
É evidente que a falta de consistência na prova de inglês de 2023 não é um ponto fora da curva, considerando o que vivemos em 2021 e 2022 (isso se analisarmos apenas esses últimos anos). E é igualmente evidente que o problema não está tão somente na banca organizadora do concurso, que não é responsável, por exemplo, pela redação dos padrões de respostas. Se nada for feito para uma prova com mais consistência, validade, transparência e accountability, o que podemos esperar para 2024 é mais descaso e mais decisões de seleção tomadas com base em notas que, apesar da aparência de cientificidade e legitimidade, têm problemas sérios de consistência (reliability). E, como nos lembra Livingstone (2018, p. 8), “test scores cannot be valid for any purpose unless they are reliable”.
Notas e referências
(1) Caso você não esteja familiarizado com os quesitos avaliados, sugiro observar o anexo IV do edital de abertura do concurso do CACD 2023, disponível aqui.
(2) O conceito de “validade”, no sentido utilizado no contexto, está relacionado a se a prova de fato avalia o que deveria avaliar (veja Knoch, Macqueen, 2020).
CASTRO, F. M. O. Dois séculos de história da organização do Itamaraty. Brasília, DF: FUNAG, 2009. 2 v.
KNOCH, U.; MACQUEEN, S. Assessing English for professional purposes. London: Routledge, 2020.
LIVINGSTONE, S. A. Test reliability: basic concepts (Research Memorandum No. RM-18-01). Princeton, NJ: Educational Testing Service, 2018. Disponível em: < https://www.ets.org/Media/Research/pdf/RM-18-01.pdf>. Acesso em 21 out. 2023.
SHOHAMY, E. The power of tests: a critical perspective on the uses of language tests. London: Routledge, 2013.
SPOLKSY, B. Introduction: linguists and language testers. In: SPOLSKY, B. (ed.) Approaches to language testing. Arlington, VA: Center for Applied Linguistics, 1978, p. v-x.
Recentemente, participei de uma oficina promovida pela Cambridge Assessment com o título Understanding and optmising your mark schemes. Me interessei em participar não só por conhecer a qualidade dos cursos oferecidos pela Cambridge Assessment e por estar fazendo um doutorado na área de avaliação de línguas, mas principalmente porque sempre me intrigaram (e incomodaram) as rubricas das tarefas discursivas de inglês do CACD.
Uma rubrica (mark scheme), em termos simples, é o plano de como serão distribuídos os pontos de acordo com as respostas dos avaliados a uma dada questão em uma avaliação. As rubricas das tarefas discursivas de inglês do CACD podem ser encontradas no anexo IV do edital de abertura do concurso (1), descrevendo quantos pontos cada tarefa vale e como estão distribuídos esses pontos entre os critérios de correção. Por exemplo, sabemos pela rubrica da tarefa da tradução inglês-português que a tarefa vale um total de 15 pontos e que esses pontos estão distribuídos em 5 pontos para “fidelidade ao texto original” e 10 pontos para “correção gramatical e propriedade da linguagem”. Com relação ao segundo quesito, sabemos também que o candidato já começa a prova com 10 pontos e perde 0,5 ponto a cada erro identificado pela banca examinadora. O que não está descrito de forma clara, contudo, é como são distribuídos os 5 pontos de fidelidade.
Meu incômodo com as rubricas da prova discursiva de inglês é justamente esse: elas são sucintas, vagas, abstratas, pouco explícitas. Um aspirante à carreira de diplomata que lê a rubrica não faz ideia de what looks good, ou seja, do que é preciso entregar para ter uma boa pontuação. Professores que oferecem simulados, por sua vez, se baseiam em suas próprias interpretações das rubricas. E assim como as rubricas são vagas para candidatos e para professores, é possível que elas também o sejam para os examinadores. E aqui temos muitos problemas…
Minha maior preocupação com as rubricas, contudo, sempre foi na tarefa da Redação (Composition). Isso porque a tarefa vale 50 pontos (em um universo total de 100 pontos da prova discursiva de inglês), 25 pontos dos quais temos informações muito vagas sobre como são avaliados, como veremos a seguir. Isso é particularmente preocupante em uma prova em que o candidato precisa obter uma nota mínima de 50 pontos para avançar para as provas de terceira fase. Precisamos (candidatos, professores e examinadores) entender com maior precisão como são distribuídos esses 25% da pontuação total da prova discursiva de inglês do CACD.
O objetivo deste post é (i) analisar a rubrica atual da tarefa da Redação da prova de inglês do CACD, com foco no quesito “organização do texto e desenvolvimento do tema”, (ii) diagnosticar problemas, à luz da literatura sobre avaliação de línguas, (iii) propor não uma solução em si, mas um formato de solução e (iv) oferecer recomendações, principalmente aos candidatos.
1.A rubrica atual da tarefa da Redação: o quesito “organização do texto e desenvolvimento do tema”
A rubrica da tarefa da Redação da prova discursiva de inglês do CACD pode ser encontrada no Anexo IV do edital mais recente (CACD 2023):
O que observamos na rubrica é que a tarefa vale um total de 50 pontos, 25 dos quais são referentes ao quesito “organização do texto e desenvolvimento do tema”, que é o nosso enfoque nesta análise. Esses 25 pontos são distribuídos em três subcritérios: o subcritério 1A, valendo 10 pontos, avalia “apresentação/impressão geral do texto, legibilidade, estilo e coerência”; o subcritério 1B, também valendo 10 pontos, avalia “capacidade de argumentação (objetividade, sistematização, conteúdo e pertinência das informações)”, e o subcritério 1C, valendo 5 pontos, avalia “capacidade de análise e reflexão”.
Esse formato de rubrica pode levar candidatos, professores e até examinadores a questionar: o que, exatamente, diferencia uma nota 6 no quesito 1A de uma nota 8? O que, exatamente, diferencia uma nota 2 no quesito 1C de uma nota 4? A resposta para essas perguntas não está na rubrica em si, mas sim na interpretação que candidatos, professores e examinadores fazem da rubrica. E o fato de haver inúmeras interpretações possíveis leva a uma série de problemas, como veremos na próxima seção.
Pensando em termos dos tipos de rubricas que são comumente usados na avaliação de línguas (constrained, points-based, levels-based etc.), é possível identificar que essa rubrica é uma holistic/impressionistic mark scheme. Isso significa, em termos práticos, que o examinador toma a decisão de quantos pontos atribuir a cada subcritério com base em sua impressão geral, holística, do desempenho do candidato naquele subcritério. A avaliação holística é muito útil em diversos cenários, inclusive educacionais, mas parece pouco apropriada para a situação em questão: uma prova de inglês dentro de um concurso público de altíssimo impacto (high-stakes test). Discuto os problemas que essa rubrica apresenta dentro do contexto específico do CACD e um formato de solução nos itens 2 e 3, a seguir.
2. Diagnosticando problemas
Cito aqui quatro problemas que me parecem ser os principais no uso de uma rubrica holística no quesito “organização do texto e desenvolvimento do tema” da tarefa da Redação da prova discursiva de inglês do CACD.
O primeiro problema, que me parece o mais alarmante, é que uma rubrica assim não serve como referência clara para os examinadores. No CACD 2020, por exemplo, foram nove os examinadores que corrigiram as provas de inglês do CACD, cada um dos quais pode ter interpretado os subcritérios da sua própria maneira. Isso pode levar a sérios problemas de consistência na avaliação (inter-rater reliability), e uma avaliação que não é consistente não é válida para propósito algum.
O segundo problema, claramente associado ao primeiro, é que essa rubrica não distingue com clareza os diferentes níveis de desempenho dos candidatos. Por que o candidato X tirou 6 no quesito 1B e a candidata Y tirou 6,5? Em um concurso no qual a diferença de pontuação entre o último candidato aprovado e o primeiro candidato da longa lista de não-aprovados às vezes não chega a ser 0,5 ponto, distinguir desempenho de forma clara é crucial.
O terceiro problema é que essa rubrica confere pouca transparência ao processo de avaliação e, portanto, ao processo de seleção, e a transparência deve ser um dos princípios norteadores de qualquer concurso público.
O quarto problema é que uma rubrica como essa simplesmente ignora as consequências educacionais (washback effects) dessa prova. Apesar de a prova de inglês do CACD não ser uma avaliação educacional, ela tem efeitos educacionais, no sentido de que ela move milhares de cidadãos brasileiros a estudar em preparação para ela. Quando o candidato que fez a prova de segunda fase recebe as notas nesses subcritérios, ele muitas vezes não consegue identificar o que precisa ser melhorado e o que pode ser mantido em termos de preparação e desempenho.
3.Um formato de solução
Uma forma de melhorar a rubrica existente e de potencialmente reduzir ou evitar os problemas discutidos seria mudar o tipo da rubrica e desenvolver um novo formato de rubrica.
Um tipo de rubrica que me parece mais apropriado considerando a tarefa em si (unstructured essay) e a situação de avaliação (prova de inglês de alto impacto em concurso público) é uma rubrica analítica (levels-based analytic mark scheme). Em poucas palavras, em uma rubrica analítica, o desempenho do candidato seria classificado em níveis (levels ou bands) aos quais correspondem faixas de notas, e a classificação se daria com base em descritores de desempenho. Esse formato é muito utilizado em diversos exames internacionais e poderia trazer maior consistência e transparência para a avaliação de língua inglesa do CACD.
Apenas a título de exemplo, mostro abaixo uma adaptação da rubrica atual, holística, para um formato analítico. No exemplo, simplesmente adaptei o que está escrito na rubrica 1A para um formato com níveis e faixas de notas e imaginei alguns descritores. Atenção: esse exemplo não reflete aquilo que eu penso sobre o que deveria ser avaliado nessa tarefa, quantos pontos deveriam ser distribuídos para cada subquesito ou quais deveriam ser os descritores; a minha opinião sobre isso passa por uma discussão sobre o construto e a validação da tarefa, discussão que é muito necessária, mas que não é o objetivo deste post. O único objetivo desse exemplo é mostrar um exemplo de como o formato holístico poderia ser adaptado para o formato analítico:
Subcritério 1A (10 pontos)
Apresentação
Legibilidade
Estilo
Coerência
Nível 3
2 a 2,5 pontos
2 a 2,5 pontos
2 a 2,5 pontos
2 a 2,5 pontos
O texto (praticamente) não contém rasuras e está (muito) bem apresentado.
O texto é (praticamente) completamente legível, pois os grafemas têm traços distintivos.
O texto transcorre (praticamente) todo no registro neutro/formal, como apropriado.
A tese serve como plano argumentativo do texto; os parágrafos argumentativos discutem o que foi anunciado na tese; a conclusão retoma a tese e a linha argumentativa.
Nível 2
1 a 1,5 pontos
1 a 1,5 pontos
1 a 1,5 pontos
1 a 1,5 pontos
O texto contém algumas rasuras e está razoavelmente apresentado.
Há alguns problemas de legibilidade ao longo do texto, pois os grafemas por vezes não são claros.
O texto transcorre majoritariamente no registro neuro/formal, mas com algumas marcas de informalidade.
Há algum problema de coerência entre tese e estágio argumentativo e/ou entre argumentação e conclusão, mas isso não prejudica a compreensão geral do texto.
Nível 1
0 a 0,5 ponto
0 a 0,5 ponto
0 a 0,5 ponto
0 a 0,5 ponto
O texto contém demasiadas rasuras e não está bem apresentado.
É difícil compreender diversos grafemas.
O texto contém muitas marcas de informalidade/ oralidade.
Há problemas de coerência entre tese e estágio argumentativo e/ou entre argumentação e conclusão, e isso prejudica a compreensão geral do texto.
Nesse formato de rubrica, o examinador atribuiria a nota não com base em sua impressão geral sobre “estilo” ou “legibilidade” etc., mas sim com base nos descritores. Os descritores também também norteiam os examinadores sobre as faixas de nota possíveis para aquele nível de desempenho. Assim, uma das maiores vantagens de adotar uma rubrica analítica em nossa prova é que as rubricas analíticas são mais referenciadas por examinadores, o que pode trazer maior consistência na avaliação. Uma segunda vantagem é que os descritores e as faixas de notas facilitam a discriminação dos candidatos, o que é muito benéfico em uma prova de seleção. Uma terceira vantagem é que, se a rubrica analítica estiver no edital de abertura do concurso, ela funciona como objetivos de aprendizagem, e os candidatos poderão se preparar para a prova com mais informações sobre o que é avaliado; e se a rubrica for marcada pelo examinador e divulgada junto com o espelho de prova para o candidato que realizou a prova discursiva, o candidato terá uma devolutiva muito mais precisa do que foi bem avaliado e do que não foi bem avaliado em seu desempenho, o que significa mais transparência no concurso público e mais responsabilidade (accountability) pelas consequências educacionais da prova.
De novo, reforço: talvez não sejam esses os critérios mais importantes a ser avaliados, talvez essas faixas de notas não sejam adequadas e talvez esses descritores não representem o construto da prova. O que eu quero ressaltar aqui é o formato da rubrica analítica, com níveis, faixas de pontuação e descritores.
4.Recomendações
Como o público-alvo deste blog é o público ceacedista, em grande medida escrevi este post para trazer para a atenção do candidato que a prova de inglês do CACD não é só “difícil”: muitas vezes faltam também consistência, transparência e accountability. Como um dos grupos de interesse mais importantes do CACD (afinal, não há corpo diplomático brasileiro sem ceacedistas), acho importante a mobilização para reivindicar que melhorias sejam feitas – algumas delas tão simples quanto mudar o formato das rubricas.
Ainda pensando nos candidatos, um alerta específico sobre práticas de simulação, que são pervasivas no mercado de preparação para a prova de inglês do CACD: a correção dos simulados que você realizar serão feitas por um professor ou uma professora que, assim como a banca examinadora, é intérprete de uma rubrica que, como vimos, é extremamente vaga. Certifique-se sempre de que essa interpretação é feita com base na análise de como esses critérios de correção de fato foram operacionalizados pela banca na prova anterior – é isso que possibilita uma real simulação de notas.
Finalmente, como este é um texto publicado na world wide web, também posso imaginar que pessoas envolvidas na correção e na organização da prova venham a ler o post. Como qualquer avaliação de línguas, a prova de inglês do CACD pode ser melhorada. E as melhorias não trariam benefícios apenas para os candidatos, os professores e os examinadores: em última instância, ela traria melhorias para o próprio corpo diplomático brasileiro e sua capacidade de representar o interesse nacional em campo internacional.